“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

COISINHAS DA INFÂNCIA


Hoje adentraram em mim várias reminiscências a respeito da minha infância. Tive-a, com certeza, igualzinha às demais. Um ponto interessante são as paixõezinhas surgidas por uma brincadeira que costumávamos, eu e meus coleguinhas, fazer às escondidas. Era o “cai no poço”, onde todos ficavam enfileirados e sentadinhos, enquanto ia um para frente destes que sentados estavam e, outro ia por trás e lhe tapava os olhos, fazendo as célebres perguntas até a escolha opcional: pera, uva, maçã ou salada mista?  Todos escolhiam salada mista, que nada mais era que o designativo do beijo na boca. Lembro-me uma vez ter beijado uma menina mais velha e pense, não é que me apaixonei? Noutro dia não parava de pensar nela: ai a Luana, já a amo; até que deu novamente a hora do cai no poço, isso aproximadamente às sete e meia da noite, e eu a esperando me escolher dentre os que sentados estavam, pensando que nela também se guardava algum sentimento do pretérito beijo. Mas eis que ela beijou outro menino e todo aquele sentimento desmoronou num despeito que guardei no peito, naquele coração vermelhinho no formato duma bunda que aparece nos desenhos animados, já que assim é simbolizado o coração, talvez na tentativa de embelezá-lo em contraste com seu formato real cheio de tubos. Nada poderia fazer. Brincadeira é brincadeira. É o lúdico na infância.
Quando pela manhã de hoje, um sábado qualquer, surgiu-me outra lembrança da minha infância. Ela transbordou quando vi um questionário que estava sendo feito no jornal, e a pergunta feita era a seguinte: o que você acha do aumento salarial em 30% dos deputados? Aí vi um adolescente a dá sua opinião e imediatamente aparecendo sua identificação abaixo da telinha: Roberto Júnior-estudante. Seria ele realmente estudante, ou seria onanista? Eis aí o ofício da minha infância e das dos demais jovens. Quem nunca praticou onanismo não teve infância. Tive e tenho um amigo, cujo nome prefiro resguardar sigilosamente, garantindo assim a legalidade cível, que trabalhava com essa mesma arte, a do conhecer-se a si mesmo, não como queria Sócrates, mas como queria o desejo carnal. Quando à praia íamos, ficava simplesmente de olho nas bundas e biquínis, sobretudo naqueles todo enfiado. Mas a parte que ele mais gostava era quando as benditas sentavam para pegar sol (não sei como elas conseguiam pegá-lo, sempre achava que o sol era quem as pegava). E lá ficava ele a gravar na memória aquelas nádegas bronzeadas, aquelas saliências proeminentemente aguçadas entre as pernas meio-abertas, dando asas à imaginação. E sempre me dizia ele: hoje irei homenagear aquela bem ali de biquíni azul. E perguntava-o: homenageá-la como? No qual ele respondia: deixa que só eu sei. Não sabendo ele que tava eu fazendo-me de desentendido, pois no fundo sabia qual homenagem era aquela. Sinceramente, se ele fosse o estudante entrevistado durante os questionamentos sobre o aumento salarial dos deputados, logo abaixo na sua identificação haveria o seguinte: Cicrano da Silva-bronheiro.

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