“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

AS REDES SOCIAIS: DO PRIVADO AO PÚBLICO

MINHA REDAÇÃO DO ENEM CUJA NOTA FORA 1000.



Tornou-se, em pleno século XXI, habitual, corriqueiro e até mesmo obrigatório, inclusive no que concerne à educação e à multidisciplinaridade escolar, o acesso à internet, o ensinamento de suas nuanças e de tudo o mais que da sua utilização seja de conveniente serventia. Todavia, com as redes sociais nela presentes, como o Facebook ou Twitter, por exemplo, faz-se consubstanciar a conjuntura, muitas vezes mal interpretada, dos pólos privado e público, o que acarreta no prejuízo moral de muitas pessoas, chegando às vezes a níveis exorbitantes, como, por exemplo, a decrepitude de imagens alheias que se concretizaram assiduamente com o labor de anos a fio. Como fazer criteriosamente essa diferenciação entre o que seja público e/ou privado? Como utilizar as redes sociais de forma que outrem não seja direta ou indiretamente prejudicado?

Um dos prejuízos da má utilização das redes sociais é o que se vê diariamente nos jornais e demais informativos sociais, a saber: escândalos e demais situações afins envolvendo pessoas públicas, “celebridades” e tudo o mais que é alimentado pela mídia voraz. Vê-se, outrossim, a metamorfoseação do que obrigatoriamente era pra ser privado em público e notório. Tudo isso proveniente da malévola utilização da internet e, mormente, das redes sociais, que são as principais viabilizadoras de todo esse malefício consumido e de toda essa turvidão (que já se fez inerente) entre o público e o privado.

Indubitavelmente, tudo gira em torno da devida conscientização que, como fora supradito, deve ser oriunda do aprendizado escolar, do seio familiar e da subjetividade de cada indivíduo, conspirando para a melhoria das condições sociais e humanas atinentes a esse meio eletrônico e de fácil disseminação informativa, que é a internet. Essa questão contextual não se resume ao fato de “os fins justificarem os meios” como asseverara Maquiavel no seu livro intitulado O Príncipe, mas unicamente no da ciente utilização desses meios comunicativos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Desterro

por Anderson Costa

As tardes desterrenses ainda carregam nos lombos resquícios poéticos, estórias seculares, mexericos rotineiros, crenças, por vezes incrédulas, a Nossa Senhora do Desterro, nostalgias sem saudades, olhares de afeição rotineiramente lançados pela torre bizantina da Igreja cujo nome é o mesmo desse título, e o amarelo do mijo atrelado culturalmente às narinas e ao corpo do bairro qual pano branco no corpo de mal cuidada criança. Há quem reclame do fétido odor do mijo impregnado nas calçadas, o qual certamente dera o ar da graça no ensejo proporcionado pelas silentes madrugadas que têm seus tédios muitas vezes quebrados pelo apitar intervalado e sem qualquer modulação proveniente do vigia da rua, assim como pelas brigas e assaltos cometidos por viciados, na mesma quantia que há por aqui, na Travessa do Portinho. Mas, voltando ao mijo, há também quem não vê, apesar de não ser nada higiênico, o ar poético por ele proporcionado, concretizando nas férteis imaginações (de quem se deixa levar obviamente) silhuetas amargas de boêmios, de algum Nauro, de algum João, de algum Ribeiro.

Todavia, o néctar desterrense se resume no canto da padaria, cuja  proprietária se chama Dona Maria, onde rolam as conversas despretensiosas e paralelas, as persignações dadas às três e meia, os berreiros interioranos, as lembranças do que acontecera na última rodada de chope e os ameaçados de serem processados por qualquer injúria oriunda desta mexericagem.

O impressionante é o canto à capela feito sempre às tardes, homenageando-as, e o fiz citando as tardes desterrenses. Por que as tardes? Pelo vício crepuscular erigidos pelos poetas? Talvez sim. Talvez não. Mas, atinente ao Desterro, sobretudo aos domingos, nada é mais importante que as manhãs, entoadas semanalmente bem cedinho pelas bimbalhadas a indicarem iminente missa e com serventia de um inconveniente despertador. Por isso reitero: aos domingos as manhãs são de suma importância. Todavia, ainda há as bimbalhadas lúgubres (dando valor, não o monetário, às tardes) a informar com os devidos pêsames o falecimento de algum devoto, de algum desterrense, independentemente de simplório ou concupiscente. Porém, essa peleja entre manhã e tarde é anulada totalmente pelos dobrados que de longe provém. É a Banda do Bom Menino que anuncia o início da formal manhã e o finzinho de tarde com o hino da Fundação José Sarney, prédio público, tombado e, agora, imoralmente “privado”.
CONTINUA... 

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Exórdio

Exórdio do meu futuro segundo livro de Sonetos.


No impulso de viver mais um dia de trivialidade, mais um momentinho sequer, levanto-me da cama a qual dormir toda a noite e, automaticamente, sento-me a mim e ao meu ser por sobre uma velha cadeira, já torta e um pouco à toa devido às sucessivas horas em que nela permaneci. Quase todas as manhãs é esse o meu ofício. Por sobre a mesa um pouco empoeirada derramo todas as minhas tripas, até o intestino delgado das acepções, todas as minhas artificiais convicções. Não me debruço sobre Dante, Rimbaud, Balzac ou Baudelaire, mas tão-somente sobre as poesias do Nauro Machado, sobre suas moelas viscerais, sobre o vazio da existência, não o schopenhaueriano, mas o meu próprio. Quando não, busco alguma energia que me galvanize, mesmo sendo-me uma autoflagelação, a andar rente a estátuas, a ouvir-lhes os cânticos sem aquele quê de melodia. Às vezes até canso desta existência e às vezes não, pois teoricamente o viver é só um. Às vezes também canso das horas ociosas que o alheismo venera, do vazio comunicativo que enche a vizinhança de merdas, das vermes que açoitam todas as entrelinhas, moldando todos à superficialidade.

Todavia, ainda há em mim um quê de esperança. Talvez ainda exista um restinho de sensibilidade entre as pessoas, neste convívio social que se diz contemporâneo devido à convenção numérica das vinte e quatro horas. Por que estou a dizer isso? Porque o que apenas vejo ao meu redor são paredes, algo rústico, idolatrias exasperantes e uma tosquiação dos que se elevam, uma cusparada feita ofício. E o que é o viver? É integrar-se a um partido político ou a uma religião e diariamente discutir com veemência a ambos, ou será apenas dizer que se é crédulo? Se isso é o viver, por favor, ponham-me vivo em qualquer mausoléu ou me joguem no poético além-mar, longe, bem longe das doutrinas que escarram na cabeça de todos, sem exceções, longe dos postiços sorrisos, dos que se prendem à frente dos anticoncepcionais tão vendidos na novela das oito. Por favor! Todos os dias assim se vão, às daninhas, entupindo-me as artérias, mijando sobre mim os seres-empáfia daqui e de acolá.

Assim também se vão minhas divagações, desnorteadamente sobre minha cabeça, algo assemelhado a uma auréola subtendida. Por isso levanto os braços e agradeço todos os dias a Deus: “que bom que as estórias não se repetem e que em algum lugar permanecem enquanto minha matéria fica retida num espaldar futurístico que não há, numa incertidão descompassada”. E enquanto não chega as propícias aniquilações subalternas, reflito tudo o que longe permanece, algo que morreu nas carnes de Foucault, de Nietzsche ou de Kierkegaard, algo individualista e que se esqueceu da plenitude desejada. Embora assim finja-me te digerindo, ó senhoras conveniências, a amarelidão das sequazes hepatites, hei de convir com o provérbio que diz ser a vida excelentíssima quando destituída de sabedoria.

Até ao anoitecer, qualquer manifestação de chulice é intrínseca à minha forma de organização artística. Sempre serei chulo, pois os meus chefes do dia-a-dia, todos os detentores da sabedoria e dos bons modos sempre me olharão de soslaio, continuarão a passar sem qualquer bom-dia me dizerem, todos nas suas vestes egocêntricas. Não que os bons-dias signifiquem algo para mim. O que significa tão-somente é a hierarquia dos circundantes. Encontro-me mesmo é num necrotério de friorentos corpos já sisudos de tantas convicções, de tantas razões verdadeiras, de tantas verdades absolutas.

Enfim, o tempo sempre permanecerá em chamas, totalmente consumido pelo tedioso ornamento da onomatopeia: tique-taque, evaporando-se nas putrefatas matérias de milhares de cadáveres clandestinos, por aí à deriva de toda a substância, de todas as responsabilidades do desespero-fraqueza kierkegaardiano. Ainda há quem não veja o retumbar insolente de tudo que já foi ensinado, da ciência que se fez edificada. 


Mesmo quando não me convém, irei elucidar o que se deixa elucidar-se, irei chorar no meu próprio funeral, irei cuspir onde os olhos não alcançam, irei amarrar os ossos à fome mundial. Irei fazer tudo isso sem me ater a escapulários, a rosários, a procissões, a promessas. Se for pra cair, quedar-me-ei nas cinzas das minhas borradas pinturas, sem o belo arco-íris das demais vidas, sem a conta bancária que enseja as máscaras risonhas. Para alguns resta somente a reza, para outros a oração. Para mim resta a consolação de saber que há algo após meu findar, algo melhor que tudo isso, algo que não se move no respaldo estereótipo, algo que não chora por não ter que sorrir.
                                                                                                                   Anderson Costa

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

ANARQUISMO

por Anderson Costa

Após de eu iniciar a leitura do livro: História das ideias e movimentos anarquistas, de George Woodcock, percebi convictamente que o anarquista não é, como já foi estereotipado pelos comensais estatais, um baderneiro ou simplesmente um pregador da desordem; o anarquista busca a simplicidade natural preexistente, abole as instituições autoritárias e o Estado como um todo, assim como o Contrato Social externado teoricamente por Rousseau. Em suma: “o anarquista vê o progresso não como o acúmulo de bens materiais ou como a complexidade crescente de estilos de vida, mas em termos de uma moralização da sociedade através da supressão da autoridade, da desigualdade e da exploração econômica.”

É, sem sombras de dúvida, uma questão com ares fragmentais de utopia, pois a própria Utopia (a obra de Thomas More não poderia ficar de fora) é rejeitada pelos anarquistas. Segundo estes a Utopia diz respeito a uma sociedade perfeita e o que é perfeito não progride, o que inviabilizaria o crescimento humano em todas as suas nuanças. Todavia, o que chama atenção no escopo social anarquista de uma vida simples, sem qualquer padrão de luxúria, é a sensibilidade que o homem iria adquirir. Com o trabalho destinado somente às necessidades de subsistência e sem qualquer intenção acumulativa haveria tempo para poesia, para as descobertas e tudo o mais que possibilitaria o enriquecimento da alma...

domingo, 17 de julho de 2011

LICENÇA PARA ROUBAR

Revista Veja edição 2222 – ano 44 – n°25
22 de junho de 2011

Finalmente, pode-se dizer que algo nos preparativos para a Copa de 2014 está dentro do previsto: o comportamento do governo em relação às obras obedece com rigor e precisão a tudo o que os especialistas em controle de gastos públicos haviam antecipado. Primeiro, adia-se até o limite do suportável o início das construções. Então, na antevéspera do campeonato, “descobre-se” que está tudo atrasado e que é preciso acelerar o andamento dos trabalhos sob pena de não haver Copa alguma e o país protagonizar O Grande Vexame. Conclusão inelutável: é preciso afrouxar a fiscalização e inventar “jeitinhos” de o dinheiro sair mais rápido. Na semana passada, a Câmara dos Deputados ajudou o governo a avançar mais um passo nesse roteiro. Os deputados aprovaram o texto básico da medida provisória (MP) que altera as regras de licitações e abre espaço para o encarecimento das obras e a diminuição da fiscalização.

Tudo nessa MP é um descalabro. Mas a mudança mais deletéria, e acintosa, é a que substitui o critério objetivo de escolher uma empresa segundo o preço e as condições que ela oferece pelo critério nada objetivo de selecioná-la de acordo com o que acha uma comissão apontada pelo governo. Pelo texto aprovado, cabe a essa comissão atribuir às empresas e suas propostas “notas técnicas”, que têm mais peso no resultado do que os orçamentos e projetos apresentados. Esse modelo de licitação sempre existiu, mas com exceção – apenas para casos de projetos culturais ou obras que requerem grande especialização. Nas vezes em que o modelo foi indevidamente utilizado, como por ocasião da licitação para a construção dos aeroportos da Infraero, ficou evidente que não funcionava. O jogo de cartas marcadas fez com que cada empresa concorrente levasse um aeroporto. Ou seja, todo mundo saiu ganhando (menos o contribuinte, é claro). É isso que se teme que ocorra novamente caso a oposição não consiga retirar da MP os pontos mais problemáticos – como o que permite o decreto de sigilo sobre os orçamentos das obras da Copa. Essa parte do projeto foi inserida na calada da noite pelo relator José Guimarães (aquele petista cujo assessor foi flagrado com dólares na cueca), mas o governo nega que ela tenha o objetivo de esconder informações. Em suas ações, no entanto, sinaliza o contrário: o ministro do Esporte, Orlando Silva, já declarou que quer retirar também da internet os dados sobre as obras em andamento.

Breve digressão histórica: na denúncia do mensalão, a Procuradoria-Geral da República listou as irregularidades verificadas na contratação, por órgãos do governo, da agência de publicidade do ex-carequinha Marcos Valério. Lá estavam: licitação subjetiva, serviços em uma mesma empresa. Tudo de que a Copa de 2014 não precisa é uma inspiração mensaleira.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

XEQUE PARA A UM BRASIL DEMOCRÁTICO E DE DIREITO

POR ANDERSON COSTA
Devido à ditadura militar de 1964, juntamente com sua política de exceção e de aspecto unicamente conservador, houve a malévola estigmatização do que sejam conservadorismo e partidos de direita. Todavia, isso não vem ao caso, pois, o que será exposto nas linhas subsequentes diz respeito à submissão que vem se concretizando entre os parlamentares para com o Executivo.

Certamente, e conforme está descrito na Constituição, o que deveria ocorrer quando o assunto é vertente à tripartição do poder, mais precisamente o exercício dos três poderes necessários à norteação adequada, legal e coerente da nação (Executivo, Legislativo e Judiciário), é a atuação de cada um dos ditos poderes de forma harmônica e independentes entre si. Mas isso realmente ocorre?

Com o escopo do esclarecimento referente à contundente pergunta retórica, exponho aqui um dos trechos interessantes extraídos da Revista Veja, edição 2220-ano 44-nº23, 8 de Junho de 2011 sobre a entrevista efetuada ao Senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que diz: “o Parlamento se acomodou e hoje é diretamente mandado pelo Poder Executivo. E não é só por causa do reduzido número de parlamentares na oposição. É porque realmente os congressistas não querem apurar a conduta de nenhum colega e não querem fiscalizar o governo...”
O Brasil não é, como o foi outrora, um estado tão somente democrático, mas democrático de direito. No entanto, todo esse momento crítico e de total submissão põe tal assertiva em xeque, como assevera Demóstenes: “De um lado temos o Executivo mandando por meio das medidas provisórias, e de outro o Congresso sem cumprir sua obrigação, a ponto de a quase totalidade das leis aprovadas ter origem no Palácio do Planalto. No fim das contas, o Congresso se comporta bovinamente.”

E então, como fazer para que finde essa centralização que não possui qualquer serventia para o regime republicano e presidencialista vigorante? Não pode haver o alavancamento de um Brasil travestido, como acontece com muitos parlamentares, sobretudo aqueles que são eleitos devido ao partido a que pertencem e logo após migram para outro, preferencialmente os que andam alinhados com o governo, lógico!

E aí fica a questão quase que irremediável: “como melhorarmos os resultados das vindouras eleições, já que todo e qualquer resultado é definido por aquele que detém o maior poder econômico? Como, se as mentes estão manipuladas pelos meios de comunicações?”

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ESTEREÓTIPOS NEGROS

POR ANDERSON COSTA
O que já ficou estereotipado nas carnes e mentes de todo o mundo é o de que a escravização foi crucialmente tangida sobre o lombo dos negros africanos e de que seu findar deu-se tão somente com a promulgação da Lei Áurea. Todavia, a historiografia tradicional, assim como muitas outras coisas oriundas dos livros didáticos seguem rumos diferentes, isto é, diversificados se for levado em conta a constatação do que realmente ocorreu.

De fato, o que mais impressiona em relação a todo esse aglomerado de informações provenientes dos compêndios e alfarrábios é o de que “nem o Corão nem a Bíblia condenam a escravidão. Pelo contrário: por séculos, trechos dos textos sagrados foram usados para legitimar a prática, que foi um dos pilares econômicos das sociedades judaica, cristã e muçulmana”, assevera Guillaume Hervieux na revista História Viva nº 88.

Por muitos anos o processo de aprisionamento escravista era direcionado àqueles adversos no que concerne à riqueza, nobreza, cor, origem, entre outras características que funcionavam como legitimação escravista. Mas, com o transcorrer do tempo e da forma de pensar, sobretudo no que tange ao recrutamento de fieis, passou-se a ser submetido à escravidão aquele que não possuía uma fé específica, isto é, uma religião a seguir, levando em conta a inexistência de países laicos em ditos séculos. Em suma, tal requisito de liberdade era mais uma estratégia de enriquecimento de adeptos religiosos, o que aumentava a riqueza e, consequentemente, os poderes eclesiásticos.

Percebe-se então, e segundo Guillaume Hervieux, que “os textos sagrados podiam, porém, ser usados para justificar o pior”. Tal citação diz respeito ao mito bíblico de Canaã que diz serem condenados à escravidão os povos do continente por serem descendentes de Canaã que, de acordo com o livro do Gênesis, fora amaldiçoado por seu avô, Noé, a ser “o servo dos servos”.

Certamente, conforme descrito nos parágrafos acima, vê-se com clareza o quão a religião foi utilizada para justificar a escravização, sem contar as outras parcelas de culpa atribuídas aos outros setores.

E hoje, a quem é atribuída a parcela de culpa sobre a escravização contemporânea? Houve a abolição, mas o sistema persiste, embora embutidamente em vários pontos ecumênicos.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

A IDADE DO PETRÓLEO

POR ANDERSON COSTA
Um fator preponderantemente preocupante e que é motivo, pelo menos em tese, de demasiadas discussões mundiais é o da lenta degradação pelo qual vem passando o planeta, tornando-se assim o pivô das ditas discussões o possível fim da Idade do Petróleo, pois, como define o ex-ministro Delfim Netto: “a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, mas pelo fato de outras tecnologias mais eficientes terem sido inventadas”.
De fato, há, quase que exclusivamente, uma dependência integral dos homens para com o ouro negro, uma dependência com o carro-chefe ameaçador, devido aos problemas ambientais que vêm causando, da própria existência humana, já que o consumo mundial não dá sinal de trégua, como afirma Carta Capital: “o consumo mundial cresceu quase 30% entre 1990 e 2008, de 67 para 86 milhões de barris por dia. No mesmo período, a demanda do petróleo na Índia mais do que dobrou e a da China, triplicou. De acordo com o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Nobuo Tanaka, em 2010 o mundo consumiu 2,7 milhões de barris a mais que no ano anterior. O ritmo de crescimento deve se repetir em 2011.
Pode-se ver, nesse sentido, a atuação malévola do petróleo no que concerne à temperatura, pois houve o estrepitoso aumento de dois graus em pleno século XXI, algo anormal e galvanizado, sobretudo, pela queima de combustíveis.
Mas, todo esse desenrolar gira em torno do conforto social e, obviamente, abrir mão de uma boa “qualidade de vida” é quase que impossível, já que quase tudo o que se produz hoje é oriundo do petróleo, desde os produtos de limpeza doméstica a remédios preventivos do câncer. Indubitavelmente, será doloroso o desvencilhamento homem-petróleo, assim como sua mudança de identidade: “de homem hidrocarboneto a tão somente homem”.
Todavia, a pergunta hipotética que os homens fazem a si mesmos é a seguinte: “como será o mundo sem o petróleo?” Talvez nem respostas haja. A dependência da sociedade em relação aos combustíveis fósseis é patente. Vê-se isso na quantidade de automóveis que circulam no mundo, aproximadamente, segundo Carta Capital, de 800 milhões.
O que resta, como o explícito exemplo que se é visto no Oriente, é seguir os ditames e caminhos traçados pela China, olhar o futuro e investir em turbinas eólicas, paineis solares e biomassa, pelo menos para a amenização futura de uma quebra contundente. O investimento em tecnologias provenientes de fontes renováveis, não poluentes e que supra o petróleo em todo seu dinamismo é o quê das discussões atuais, pois, na falta do petróleo como se moverão os automóveis e aviões? Como serão produzidos os polímeros? É algo a ser pensado, debatido e, caso venha a ser solucionado, buscado para o bem do homem, do planeta e seu futuro.

sábado, 7 de maio de 2011

Ambição incontrolável

Delfim Netto
Um número crescente de leitores de jornais e revistas voltou a comentar as ideias e discutir os argumentos de artigos e análises que tratam de política econômica. Isso no momento em que se trava uma discussão bastante nervosa em torno das taxas de inflação. Há opiniões de gente do governo (e também de fora) que o momento não é propício a uma ampla discussão pública do problema, porque isso poderia deteriorar ainda mais as expectativas inflacionárias.
Concordo que essa é uma preocupação importante, mas a ampliação do debate hoje é necessária para que não prevaleça o pensamento único imposto à imprensa por grupos restritos que se julgam portadores de uma ciência econômica que, na verdade, não existe. “Cientificamente”, os vastos recursos do sistema financeiro influem decisivamente na construção das expectativas da inflação. São elas que dão o suporte necessário à elevação das taxas de juro.
Nosso papel é insistir em questionar esse mecanismo de criação das expectativas que o Banco Central acaba sancionando. No final, oficializa a estimativa de inflação que é do próprio sistema financeiro. Quando criticamos esse mecanismo, não estamos dizendo que a taxa de juros não é um instrumento válido para combater a inflação, mas sim que este é um processo perverso que pode pôr em xeque a própria democracia: quem controla a mídia acaba impondo a sua vontade.
Vivemos um período relativamente longo (nos anos que antecederam a eleição de Lula) em que o debate econômico esteve interditado. Com a “virada de agenda” em favor do crescimento com inclusão social, parece ter renascido o interesse em discutir a política econômica de forma ampla, sem restrições.
Não há nenhuma razão para acreditar que a utilização da taxa de juros não possa ser acompanhada de medidas macroprudenciais no combate à inflação. Em um mundo ideal, em que tudo caminha bem, sem atritos ou restrições de qualquer natureza, a taxa de juros era uma coisa fantástica: bastava apertar um botão e ela subia, colocando a inflação no nível que o Banco Central desejava. Hoje, ninguém mais acredita que os bancos centrais sabiam como controlar a inflação ou defende a ideia de que só existia um instrumento para fazê-lo. Nem mesmo os economistas do FMI manifestam essa crença. Seguramente, o que se espera é que os Bancos Centrais prestem atenção em pelo menos três coisas: 1. A higidez do sistema financeiro, no que o nosso Banco Central foi mestre. 2. O controle da inflação, sobre o que tenho minhas dúvidas. 3. A utilização de medidas macroprudenciais.
No mundo real onde vivemos, cheio de complicações, é preciso observar primeiro se a elevação da taxa de inflação no Brasil é simplesmente produto de um excesso de demanda interna ou se ela é mais a consequência de um descompasso entre procura e oferta na estrutura interna do setor serviços.
Por mais que se queiram ignorar os fatos, a verdade crua é que o nível da taxa de juros brasileira propicia uma arbitragem que é incontrolável. O governo está usando alguns instrumentos para reduzir o ritmo da sobrevalorização que ela permite. Mas não devemos ter dúvida, mantendo-se as oportunidades de arbitragem, a valorização não para. O que significa que setores que produzem e precisam exportar vão continuar sofrendo imensos prejuízos.
As consequências são terríveis para a nossa indústria e logo também poderão infligir danos à agropecuária. Por enquanto, o campo se defende porque os preços externos dos alimentos estão nas alturas. Até quando vão continuar assim é impossível prever. O agronegócio poderá sentir menos que os demais setores os efeitos da variação cambial, porque o dólar terá de se ajustar no momento em que os preços agrícolas caírem. Mas ainda deve demorar um pouco.
Já há, contudo, alguns sinais de mudança na atitude dos organismos internacionais, indicando a possibilidade- de se estabelecerem controles sobre o movimento de capitais. Há pouco mais de duas semanas, o FMI admitiu que, em “circunstâncias específicas”, o controle do fluxo de capitais pode vir a ser uma das ferramentas da política econômica dos países que estão sofrendo por causa da supervalorização de suas moedas. Esses países não devem continuar a ser obrigados a assistir passivamente à erosão de sua base industrial sujeita à competição desleal de países mais espertos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EXTRAÍDO DIRETAMENTE DA ISTOÉ: www.istoe.com.br


Quase dez anos depois do 11/9, Osama Bin Laden é eliminado



Terrorista mais procurado do mundo foi morto em ação americana; talibãs prometem vingança
AFP
Os talibãs paquistaneses, aliados da Al-Qaeda, prometeram nesta segunda-feira vingar a morte de Osama Bin Laden por uma operação americana, e prometeram atacar objetivos americanos e do governo paquistanês.
"Não podemos confirmar o martírio de Osama Bin Laden, quando nossas próprias fontes confirmarem estaremos em condições de afirmar outra coisa", disse o porta-voz do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), Ehsanullah Ehsan, em uma entrevista por telefone à AFP. "Se conheceu o martírio, vingaremos sua morte e lançaremos ataques contra os governos americano e paquistanês, assim como contra as forças de segurança, inimigos do islã", disse Ehsan.
O TTP prometeu lealdade à Al-Qaeda em 2007 e no mesmo ano declarou a jihad (guerra santa) no Paquistão, cujo governo foi acusado de apoiar os Estados Unidos na luta contra o terrorismo.
Comemoração
Uma onda de alegria tomou conta da Times Square e do Marco Zero, em Nova York, assim como em todo o resto dos Estados Unidos depois do anúncio da morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Minutos depois de divulgada a noticia, milhares de nova-iorquinos começaram a festejar na Times Square, onde os telões exibiam a notícia confirmada pelo presidente Barack Obama.
"U-S-A, U-S-A, U-S-A!", gritavam as pessoas em coro, enquanto os painéis de noticias davam detalhes da operação militar americana que matou o terrorista mais procurado do planeta. "É um milagre", comentou Monica King, uma afro-americana de 22 anos que estava em Nova York quando ocorreram os atentados do 11/9. "Os ataques mudaram Nova York, mas, dez anos depois, tivemos a última palavra", afirmou ainda.
Gary Talafuse, de 32 anos, um turista do Texas, afirmou que os americanos sentiam um grande orgulho nacional nesta noite. "Pode ser que isso mude muito a estratégia da Al-Qaeda, mas depois de milhares de milhões de dólares investidos, é um grande perda para eles e compensa em parte nossos esforços", afirmou Talafuse.
Um grupo de jovens que era ainda crianças quando a Al-Qaeda atacou os Estados Unidos também estava entusiasmado. "Estou muito contente", afirmou Matthew Maciejewski, de apenas 20 anos, contando que estava na escola quando aconteceu o 11/9.
Milhares de pessoas também se dirigiram ao Marco Zero, em Nova York, onde os ataques de 11 de setembro de 2001 destruíram as Torres Gêmeas do World Trade Center que se erguiam no local. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, destacou esperar que a notícia da morte de Bin Laden traga um sentimento de conclusão e conforto às famílias vítimas do 11/9.
"A morte de Osama bin Laden não diminui o sofrimento que os nova-iorquinos experimentaram, mas é uma vitória muito importante para nossa nação", acrescentou. Para o chefe da polícia de Nova York, Raymond Kelly, a morte de Bin Laden é uma notícia importante para as famílias das quase 3.000 vítimas dos ataques.
As ruas em torno do Marco Zero foram tomadas por pessoas exibindo bandeiras americanas e cantando o hino nacional. "Dez anos depois e finalmente o pegamos", declarou o capitão Patrice McLead, chefe dos bombeiros, que tiveram uma participação fundamental no momento da tragédia.
Em Washington, também houve uma explosão de alegria diante da Casa Branca, no momento em que o presidente Barack Obama anunciou a morte de Osama Bin Laden. Gritando o nome dos Estados Unidos, alguns manifestantes exibiam bandeiras americanas num ato espontâneo diante da sede da presidência para comemorar a morte do chefe da al-Qaeda. "Nunca senti tamanha emoção", declarou John Kelley, estudante de 19 anos. "É algo que nós esperávamos há muito tempo".
A notícia também foi festejada em eventos esportivos. Os torcedores dos Filis da Filadélfia, equipe das Grandes Ligas do beisebol americano, começaram a gritar em coro "U-S-A, U-S-A" no estádio Citizens Bank Park ao inteirar-se da morte do terrorista. A comemoração também tomou conta da tribuna da equipe adversária, os Mets de Nova York.
Risco de terrorismo
Porém, a felicidade pela captura não pode dar lugar ao descuido. A Interpol pediu maiores medidas de segurança nesta segunda-feira, alertando que a morte de Osama bin Laden pode provocar uma intensificação dos ataques através do mundo.
O secretário-geral da Interpol, Ronald Noble, recomendou vigilância extra da as autoridades para um aumento do risco de terrorismo por parte da al-Qaeda e seus associados como resultado da morte de Bin Laden.

Repercussão


Paquistão
O primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, qualificou de "grande triunfo contra o terrorismo" a operação que matou o líder da Al-Qaeda no país. "Somos contrários ao terrorismo, não deixaremos ninguém utilizar nosso território para atos terroristas contra qualquer outro país e, em consequência, considero que se trata de uma grande vitória", declarou Gilani. "Não conheço os detalhes da operação, mas é um êxito e apresento minhas felicitações por este êxito", completou o primeiro-ministro.
Afeganistão
O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu aos insurgentes talibãs que aprendam as lições da morte  de Bin Laden e interrompam os combates. "Pedimos aos talibãs que tirem as conclusões do ocorrido ontem e interrompam os combates, cessem a destruição de seu país e as mortes dos irmãos muçulmanos e dos filhos deste país, com o objetivo de optar pela paz e a segurança", declarou o presidente Karzai à imprensa.
Irã
A morte de Osama Bin Laden deixa os "Estados Unidos e seus aliados sem desculpas para manter suas forças no Oriente Médio sob o pretexto de lutar contra o terrorismo", afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã.

 "O Irã espera que este acontecimento ajude a estabelecer a paz e a segurança na região", delcarou Ramin Mehmanparast. "Os Estados Unidos e seus aliados não têm mais desculpas para manter suas forças no Oriente Médio sob o pretexto de que está lutando contra o terrorismo", acrescentou.


Palestina
O chefe de Governo do movimento radical palestino Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, condenou nesta segunda-feira a operação americana que matou Osama Bin Laden no Paquistão.
"Condenamos o assassinato de qualquer mujahedin (combatente islâmico) e de qualquer indivíduo, muçulmano ou árabe. Pedimos a Deus que dê sua misericórdia", declarou Haniyeh à imprensa em Gaza. "Se esta notícia é verdade, pensamos que se trata da continuidade da política de opressão americana baseada no derramamento de sangue dos árabes e dos mululmanos", completou.



quarta-feira, 27 de abril de 2011

NEGROS MARANHENSES, UMA HISTÓRIA: 1ª PARTE

por Anderson Costa



A pessoa negra, a afro-descendente, detentora de uma pela escurecida devido à proteção que lhe é dada pela melanina é, e sempre foi sinônimo de muitas discriminações. Outrora, constituiu a principal mão-de-obra à ascensão econômica de ambiciosos colonizadores, sobretudo no período das corridas mercantilistas travadas pelas potências europeias à época em que o Brasil não passava de uma colônia subserviente à Coroa, Portugal, mantendo aquele com este vínculos político-administrativos.

Um dos maiores motivos da utilização escravocrata dos negros aqui no Maranhão era a falta da mão-de-obra para a lavoura, pois os colonizadores, na sua maior parte oriundos de Portugal, queriam, neste Novo Mundo, serem senhores, assim como obter lucros, o que era inviável sem uma portentosa máquina que o viabilizasse.

Nesse período não se havia qualquer noção do que fosse trabalho assalariado, do que fosse indústria, do que fosse tecnologia. A economia maranhense reduzia-se à lavoura rudimentar, com a coleta de algumas drogas do sertão, iguarias estas dominada pelos jesuítas aqui presentes à época. Era, de fato, uma economia de subsistência e totalmente combalida por falta de estrutura.

Portanto, devido à falta de mão-de-obra para o trabalho na lavoura, houve, por parte dos colonos, a utilização do gentio como forma de dinamização econômica, o que, de fato, foi de encontro com a tutela estabelecida pelos inacianos, tutela esta com o escopo da catequização do autóctone, para, posteriormente serem utilizados como mão-de-obra na coleta das drogas do sertão, droga esta de muito valor na Europa, o que possibilitou com que os jesuítas montassem um império paralelo à Coroa.

Todavia, um fator totalmente nevrálgico, no que concerne aos negros maranhenses, diz respeito à política do Marquês de Pombal que, segundo a histografia tradicional, foi responsável pelo enegrecimento do maranhão que, através da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, logo após o expulsamento dos jesuítas do território brasileiro, fez com que o Maranhão saísse da pobreza, da miséria, tornando-o a partir daí uma das mais importantes províncias coloniais, devido à dinamização imposta pelo Marquês, trazendo em demasia e a preços módicos escravos para os portos maranhenses, mais precisamente onde hoje se localiza o Desterro, mas “como tudo que é bom dura pouco”, a política pombalina, após a ascensão de a “Viradeira”, foi totalmente abolida e o Marquês demitido, retornando o Maranhão à situação de extrema pobreza e conflitos internos.

Voltando os holofotes aos negros maranhenses, tem-se como a “vergonha” para muitos historiadores a revolta da Balaiada, ao contrário da revolta de Beckman, pois seu estilo elitista o condecorou como orgulho maranhense. Será que realmente a gente só vale o que tem? A Balaiada foi, por muito tempo e, ainda hoje possui historiadores que assim a considera, a revolta dos negros, bandidos, facínoras, de membros da ralé.
O que aconteceu na Balaiada foi somente a luta acarretada pela desconsideração que se havia com negros, camponeses e artesãos, todos oprimidos pela luta que ocorria entre portugueses e fazendeiros locais, todos buscando sua hegemonia política e econômica, enquanto os negros mais miseráveis ficavam.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

CRÔNICA DA SEMANA: SEXTAS-FEIRAS

Todos reunidos numa roda de chope. É assim que os pensamentos surgem aqui, e ainda há religião que proíbe a bebedeira. É costume às sextas-feiras, com exceção dos evangélicos, todos descerem à feirinha da Praia Grande, conhecida também como Casa das Tulhas, sem se esquecer o quanto somos mal vistos pelos crentes ao passarmos às portas das pequenas assembleias.

Lá na Casa das Tulhas há vários recipientes humanos, há vários gêneros de bebidas, há o camarão que na infância furtava com meus amigos para merendarmos com a farinha que um outro também furtava. Há até uma santa na entrada principal, sendo que para mim todas as entradas são principais, pois não deixamos de entrar em qualquer uma delas.

Até o grande poeta Nauro Machado frequenta a dita feirinha. Daí tira-se a conclusão do quanto ela é especial. Tem bares que usam seus artífices no propósito da venda, colocando meninas novas e bonitas para serem atendentes. E aí é que sentamos, apesar de elas não usarem aquelas roupas provocantes. O que mais gostamos, além da cerveja e do diálogo, às vezes fazendo-se cada qual seu solilóquio, é o queijinho que os meninos mirradinhos vendem, esquentados na hora. E a graça está no perigo de pegar qualquer intoxicação ou algo afim. Mas nunca pegamos. Nossos estômagos, acho que já acostumados com a gororoba, como diz as mães, aceita de bom grado esses melados alimentos.



Esse desenrolar vai até a hora em que a feira é fechada, ficando todas as nossas moedas na caixinha da manutenção do banheiro. Daí nos dirigimos a um samba rente ao Bar da Faustina, finada Faustina dona dum cabaré que foi a alegria de muitos jovens da época. Aí ficamos (não no cabaré, mas no samba próximo) perto de uma escadaria, só no ponto de botar a urina pra fora, pois lá é o nosso banheiro, o banheiro público imposto pelo povo. Talvez seja contravenção isso o que cometemos, ou talvez não seja, pois, segundo a Constituição que nos rege “todo o poder emana do povo”. É uma mijação geral. Só mijamos na escadaria porque há muita gente no percurso de onde ficamos até o banheiro do bar e, até chegarmos a este já botamos a água amarelecida para fora. A escadaria toda mijada é um ponto mais sugestivo. Dando dez e meia da noite, horário em que prometi voltar para casa, já que ainda vivo sob as rédeas da mamãe, volto e por aqui finda mais uma sexta-feira, já que após minha saída não sei o que se passa pelo lado de lá onde há o samba rotáceo. Não sei o que acontece após a efervescência do álcool na volúpia dos demais...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PARLAMENTARES: povo ou lobby?


A política, como ser inanimado que é, indubitavelmente, surgiu com o propósito de organizar e administrar os bens que são de interesse público, assim como com o propósito de, através dos impostos, bem gerir o erário público na concretização de utensílios úteis ao bem-estar da população. Todavia, os seres animados que a representam (a política), os parlamentares, não fazem jus aos princípios lógicos defendidos pelo seu patrono maior, mas tão-somente às questões principiológicas oriundas do setor lobista.

O lobby tem-se tornado uma prática bastante difundida no dia-a-dia do setor público. O que antes era tido como ilegal, como o tráfico de influência, por exemplo, hoje provém do lobby e vem sendo utilizado com veemência na política brasileira.
Pode-se, sem sombras de dúvida, dizer que o lobby é um meio certo e eficaz de beneficiamento de determinados setores, funcionando também como patrocinador de candidaturas, patrocinando-as unicamente com o intuito da consubstanciação de seu interesse. Um exemplo claro é o que vem descrito na ISTOÉ, concernente ao lobby do agronegócio: “O principal objetivo do lobby do agronegócio, este ano, é a aprovação do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que altera o Código Florestal Brasileiro... Isso poderá deixar na ilegalidade 90% das propriedades rurais brasileiras.”
O que vemos aí, único e certamente, é a defesa de interesses próprios, particulares, em detrimento de qualquer princípio legal, funcionando o lobby como um jogo estratégico de quem elege mais, de quem tem mais representantes no parlamento para a efetivação de leis que beneficiem o respectivo lobby.

Outro exemplo bastante contundente retirado da revista supradita diz respeito à área da saúde, asseverando assim a ISTOÉ: “Os planos de saúde, lançando mão da mesma prática, investiram R$ 12 milhões em doações nas eleições de 2010. Elegeram 38 parlamentares, dez a mais do que em 2006... o deputado mais beneficiado com recursos dessas fontes foi Doutor Ubiali (PSB-SP), que recebeu R$ 285 milhões da Federação das Unimeds de São Paulo. O parlamentar, que, em 2010, relatou e conseguiu aprovar projetos do agrado do setor, é um dos críticos mais ferozes dos procedimentos adotados pelo SUS.”

De fato, é uma questão que extrapola o a própria constituição, quebrando assim um dos seus pilares, o da supremacia do interesse público. O que diz respeito à população é varrido e posto sob o tapete do parlamento. Entretanto, o que gira em torno do setor privado, do setor lucrativo, toma corpo e se configura como a principal meta dos parlamentares. É o empresariado sendo favorecido à revelia da fome populacional.

“A Constituição diz que pode ser corrupto até 2010 e em 2012 não?” Marinor Brito, senadora (PSOL)


De fato, a nossa moralidade pública se converteu numa verdadeira imoralidade. A tênue esperança surgida a partir da expectativa do voto decisório ao desempate sobre a questão da retroatividade da Lei da Ficha Limpa para a eleição de 2010, voto esse que residia nas mãos do Ministro Luiz Fux, desmoronou quando o mesmo votou contra a dita retroatividade, vindo a dita Lei a valer somente em 2012.
                                               
Tudo isso diz respeito ao artigo 16 da Constituição Federal que diz que não deve haver mudanças na regra eleitoral a menos de um ano da votação, alijando assim o artigo 14 que prega a moralidade pública.
O que fere ainda mais a nossa Constituição é o fato de um cidadão que queira prestar concurso público ser descartado por não apresentar a folha corrida limpa, enquanto um político tem direito de concorrer vagas até no Senado, mesmo se estiver condenado em tribunais superiores, assevera a ISTOÉ.
Aguarde povo brasileiro que os corruptos irão assumir seus postos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A 9ª MARAVILHA DO MUNDO

Muitos, através dos meios de comunicação, mais precisamente a Internet e a TV, ver todos os dias lugares considerados como belos, de uma extrema beleza paisagística, encantando todos os olhares, todos os sentidos. De certa forma, há demasiadas pessoas que, mesmo não querendo, já chegaram a ouvir trechos de sinfonias, algo que também é tido como belo para o sentido da audição.
De fato todos já ouviram falar nas maravilhas do mundo, como a Pirâmide de Quéops, por exemplo. Todavia ainda há quem não saiba da mais nova maravilha do mundo, e, para a felicidade dos maranhenses, a tal maravilha reside aqui na capital ludovicense, mais precisamente no Mercado Central.
Obviamente, quem for acostumado com o Belo (não o cantor de pagode, mas o belo propriamente dito), quem for um apreciador dos grandes pintores, escritores e compositores, há de pasmar ao olhar a maravilha ludovicense.
Pode-se dizer que tal maravilha irá trazer uma grande demanda de turistas para a cidade, alavancando assim nossa economia tão combalida pelo setor administrativo.
A 9ª maravilha do mundo ainda possui algo de sua peculiaridade, sua metamorfoseação em rio quando da forte chuva, lembrando-nos assim a beleza dos Gondoleiros de Veneza.


Falta-nos somente o gondoleiro, porque o rio já possuímos.