“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

quarta-feira, 27 de abril de 2011

NEGROS MARANHENSES, UMA HISTÓRIA: 1ª PARTE

por Anderson Costa



A pessoa negra, a afro-descendente, detentora de uma pela escurecida devido à proteção que lhe é dada pela melanina é, e sempre foi sinônimo de muitas discriminações. Outrora, constituiu a principal mão-de-obra à ascensão econômica de ambiciosos colonizadores, sobretudo no período das corridas mercantilistas travadas pelas potências europeias à época em que o Brasil não passava de uma colônia subserviente à Coroa, Portugal, mantendo aquele com este vínculos político-administrativos.

Um dos maiores motivos da utilização escravocrata dos negros aqui no Maranhão era a falta da mão-de-obra para a lavoura, pois os colonizadores, na sua maior parte oriundos de Portugal, queriam, neste Novo Mundo, serem senhores, assim como obter lucros, o que era inviável sem uma portentosa máquina que o viabilizasse.

Nesse período não se havia qualquer noção do que fosse trabalho assalariado, do que fosse indústria, do que fosse tecnologia. A economia maranhense reduzia-se à lavoura rudimentar, com a coleta de algumas drogas do sertão, iguarias estas dominada pelos jesuítas aqui presentes à época. Era, de fato, uma economia de subsistência e totalmente combalida por falta de estrutura.

Portanto, devido à falta de mão-de-obra para o trabalho na lavoura, houve, por parte dos colonos, a utilização do gentio como forma de dinamização econômica, o que, de fato, foi de encontro com a tutela estabelecida pelos inacianos, tutela esta com o escopo da catequização do autóctone, para, posteriormente serem utilizados como mão-de-obra na coleta das drogas do sertão, droga esta de muito valor na Europa, o que possibilitou com que os jesuítas montassem um império paralelo à Coroa.

Todavia, um fator totalmente nevrálgico, no que concerne aos negros maranhenses, diz respeito à política do Marquês de Pombal que, segundo a histografia tradicional, foi responsável pelo enegrecimento do maranhão que, através da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, logo após o expulsamento dos jesuítas do território brasileiro, fez com que o Maranhão saísse da pobreza, da miséria, tornando-o a partir daí uma das mais importantes províncias coloniais, devido à dinamização imposta pelo Marquês, trazendo em demasia e a preços módicos escravos para os portos maranhenses, mais precisamente onde hoje se localiza o Desterro, mas “como tudo que é bom dura pouco”, a política pombalina, após a ascensão de a “Viradeira”, foi totalmente abolida e o Marquês demitido, retornando o Maranhão à situação de extrema pobreza e conflitos internos.

Voltando os holofotes aos negros maranhenses, tem-se como a “vergonha” para muitos historiadores a revolta da Balaiada, ao contrário da revolta de Beckman, pois seu estilo elitista o condecorou como orgulho maranhense. Será que realmente a gente só vale o que tem? A Balaiada foi, por muito tempo e, ainda hoje possui historiadores que assim a considera, a revolta dos negros, bandidos, facínoras, de membros da ralé.
O que aconteceu na Balaiada foi somente a luta acarretada pela desconsideração que se havia com negros, camponeses e artesãos, todos oprimidos pela luta que ocorria entre portugueses e fazendeiros locais, todos buscando sua hegemonia política e econômica, enquanto os negros mais miseráveis ficavam.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

CRÔNICA DA SEMANA: SEXTAS-FEIRAS

Todos reunidos numa roda de chope. É assim que os pensamentos surgem aqui, e ainda há religião que proíbe a bebedeira. É costume às sextas-feiras, com exceção dos evangélicos, todos descerem à feirinha da Praia Grande, conhecida também como Casa das Tulhas, sem se esquecer o quanto somos mal vistos pelos crentes ao passarmos às portas das pequenas assembleias.

Lá na Casa das Tulhas há vários recipientes humanos, há vários gêneros de bebidas, há o camarão que na infância furtava com meus amigos para merendarmos com a farinha que um outro também furtava. Há até uma santa na entrada principal, sendo que para mim todas as entradas são principais, pois não deixamos de entrar em qualquer uma delas.

Até o grande poeta Nauro Machado frequenta a dita feirinha. Daí tira-se a conclusão do quanto ela é especial. Tem bares que usam seus artífices no propósito da venda, colocando meninas novas e bonitas para serem atendentes. E aí é que sentamos, apesar de elas não usarem aquelas roupas provocantes. O que mais gostamos, além da cerveja e do diálogo, às vezes fazendo-se cada qual seu solilóquio, é o queijinho que os meninos mirradinhos vendem, esquentados na hora. E a graça está no perigo de pegar qualquer intoxicação ou algo afim. Mas nunca pegamos. Nossos estômagos, acho que já acostumados com a gororoba, como diz as mães, aceita de bom grado esses melados alimentos.



Esse desenrolar vai até a hora em que a feira é fechada, ficando todas as nossas moedas na caixinha da manutenção do banheiro. Daí nos dirigimos a um samba rente ao Bar da Faustina, finada Faustina dona dum cabaré que foi a alegria de muitos jovens da época. Aí ficamos (não no cabaré, mas no samba próximo) perto de uma escadaria, só no ponto de botar a urina pra fora, pois lá é o nosso banheiro, o banheiro público imposto pelo povo. Talvez seja contravenção isso o que cometemos, ou talvez não seja, pois, segundo a Constituição que nos rege “todo o poder emana do povo”. É uma mijação geral. Só mijamos na escadaria porque há muita gente no percurso de onde ficamos até o banheiro do bar e, até chegarmos a este já botamos a água amarelecida para fora. A escadaria toda mijada é um ponto mais sugestivo. Dando dez e meia da noite, horário em que prometi voltar para casa, já que ainda vivo sob as rédeas da mamãe, volto e por aqui finda mais uma sexta-feira, já que após minha saída não sei o que se passa pelo lado de lá onde há o samba rotáceo. Não sei o que acontece após a efervescência do álcool na volúpia dos demais...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PARLAMENTARES: povo ou lobby?


A política, como ser inanimado que é, indubitavelmente, surgiu com o propósito de organizar e administrar os bens que são de interesse público, assim como com o propósito de, através dos impostos, bem gerir o erário público na concretização de utensílios úteis ao bem-estar da população. Todavia, os seres animados que a representam (a política), os parlamentares, não fazem jus aos princípios lógicos defendidos pelo seu patrono maior, mas tão-somente às questões principiológicas oriundas do setor lobista.

O lobby tem-se tornado uma prática bastante difundida no dia-a-dia do setor público. O que antes era tido como ilegal, como o tráfico de influência, por exemplo, hoje provém do lobby e vem sendo utilizado com veemência na política brasileira.
Pode-se, sem sombras de dúvida, dizer que o lobby é um meio certo e eficaz de beneficiamento de determinados setores, funcionando também como patrocinador de candidaturas, patrocinando-as unicamente com o intuito da consubstanciação de seu interesse. Um exemplo claro é o que vem descrito na ISTOÉ, concernente ao lobby do agronegócio: “O principal objetivo do lobby do agronegócio, este ano, é a aprovação do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que altera o Código Florestal Brasileiro... Isso poderá deixar na ilegalidade 90% das propriedades rurais brasileiras.”
O que vemos aí, único e certamente, é a defesa de interesses próprios, particulares, em detrimento de qualquer princípio legal, funcionando o lobby como um jogo estratégico de quem elege mais, de quem tem mais representantes no parlamento para a efetivação de leis que beneficiem o respectivo lobby.

Outro exemplo bastante contundente retirado da revista supradita diz respeito à área da saúde, asseverando assim a ISTOÉ: “Os planos de saúde, lançando mão da mesma prática, investiram R$ 12 milhões em doações nas eleições de 2010. Elegeram 38 parlamentares, dez a mais do que em 2006... o deputado mais beneficiado com recursos dessas fontes foi Doutor Ubiali (PSB-SP), que recebeu R$ 285 milhões da Federação das Unimeds de São Paulo. O parlamentar, que, em 2010, relatou e conseguiu aprovar projetos do agrado do setor, é um dos críticos mais ferozes dos procedimentos adotados pelo SUS.”

De fato, é uma questão que extrapola o a própria constituição, quebrando assim um dos seus pilares, o da supremacia do interesse público. O que diz respeito à população é varrido e posto sob o tapete do parlamento. Entretanto, o que gira em torno do setor privado, do setor lucrativo, toma corpo e se configura como a principal meta dos parlamentares. É o empresariado sendo favorecido à revelia da fome populacional.

“A Constituição diz que pode ser corrupto até 2010 e em 2012 não?” Marinor Brito, senadora (PSOL)


De fato, a nossa moralidade pública se converteu numa verdadeira imoralidade. A tênue esperança surgida a partir da expectativa do voto decisório ao desempate sobre a questão da retroatividade da Lei da Ficha Limpa para a eleição de 2010, voto esse que residia nas mãos do Ministro Luiz Fux, desmoronou quando o mesmo votou contra a dita retroatividade, vindo a dita Lei a valer somente em 2012.
                                               
Tudo isso diz respeito ao artigo 16 da Constituição Federal que diz que não deve haver mudanças na regra eleitoral a menos de um ano da votação, alijando assim o artigo 14 que prega a moralidade pública.
O que fere ainda mais a nossa Constituição é o fato de um cidadão que queira prestar concurso público ser descartado por não apresentar a folha corrida limpa, enquanto um político tem direito de concorrer vagas até no Senado, mesmo se estiver condenado em tribunais superiores, assevera a ISTOÉ.
Aguarde povo brasileiro que os corruptos irão assumir seus postos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A 9ª MARAVILHA DO MUNDO

Muitos, através dos meios de comunicação, mais precisamente a Internet e a TV, ver todos os dias lugares considerados como belos, de uma extrema beleza paisagística, encantando todos os olhares, todos os sentidos. De certa forma, há demasiadas pessoas que, mesmo não querendo, já chegaram a ouvir trechos de sinfonias, algo que também é tido como belo para o sentido da audição.
De fato todos já ouviram falar nas maravilhas do mundo, como a Pirâmide de Quéops, por exemplo. Todavia ainda há quem não saiba da mais nova maravilha do mundo, e, para a felicidade dos maranhenses, a tal maravilha reside aqui na capital ludovicense, mais precisamente no Mercado Central.
Obviamente, quem for acostumado com o Belo (não o cantor de pagode, mas o belo propriamente dito), quem for um apreciador dos grandes pintores, escritores e compositores, há de pasmar ao olhar a maravilha ludovicense.
Pode-se dizer que tal maravilha irá trazer uma grande demanda de turistas para a cidade, alavancando assim nossa economia tão combalida pelo setor administrativo.
A 9ª maravilha do mundo ainda possui algo de sua peculiaridade, sua metamorfoseação em rio quando da forte chuva, lembrando-nos assim a beleza dos Gondoleiros de Veneza.


Falta-nos somente o gondoleiro, porque o rio já possuímos.