“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A ARTE NA VISÃO DE OSCAR WILDE

Nos últimos dias li um livro do Oscar Wilde intitulado de: A alma do homem sob o socialismo. Um intrigante livro, sobretudo no que diz respeito às artes, levando o autor em conta a questão do regime em que se vive como algo ensejador à arte propriamente dita. Ele fala muito na questão do Individualismo, não aquele individualismo capitalista em que as pessoas só pensam em si e no seu bolso, mas o Individualismo propiciador da arte. As ideias do livro, reiterando, giram em torno da questão do socialismo-capitalismo, quando é explicitado em determinadas páginas a questão da produção artística.
Um dos pontos nevrálgicos é quando o autor diz ser o capitalismo uma fonte produtora de arte, assim como qualquer outro sistema. Mas, em tal afirmação, o que me chamou a atenção foi a enfatização autoral de que a arte-capitalista não é Individualista, oriunda do Individualismo que o socialismo galvaniza, o que gerará daí a arte que agrada o ego da pessoa que a criou. Não! No capitalismo a arte tem que se adequar às aspirações do povo, pois a opinião pública é o que interessa, a opinião pública é que é o carro-chefe da boa ou má qualidade artística, não interessando a obra qualitativamente, mas tão-somente se é de agrado ou não do público, se se adequa ou não ao nível artístico popular, pois sem gosto popular não há venda e sem venda não há capitalismo. E notem que não é um público especializado, mas o populacho de fato. Isso até lembra um pouco de mim, pois lancei recentemente um livro de poemas intitulado Migalhas de Pão, nunca reconhecido e pouco vendido, sofrendo inclusive críticas populares, como: linguagem arcaica, vocabulário pesado, difícil de entender. Ora, se fosse à busca de entender a pujança da 5ª de Beethoven, morreria e não a entenderia. Sinto-me melhor sentindo-a artisticamente. Quero deixar algo claro: o objetivo é que requer compreensão, como a ciência. O subjetivo requer somente o sentimento, é a arte. No dia em que começarmos a entender o sentimento uns dos outros (algo inviável), aí sim se poderá buscar o entendimento de uma obra artística.
Voltando ao livro. O autor inclusive chega a citar autores, principalmente escritores românticos, que no início escreviam livros para satisfação própria, mas como os mesmos não eram vendidos, tampouco procurados e não reconhecidos pela opinião pública, o autor começava a escrever romances que agradasse ao povo, visando principalmente o lucro e assim fugindo de sua Individualidade devido à busca incessante de agradar o gosto escasso do vulgo. Isso é o que Oscar Wilde recrimina no capitalismo e usa como respaldo benéfico para o socialismo, defendendo a questão do homem que busca sua Individualidade e não a grosseria do gosto popular, dando como melhor o artista que crie para si, viajando no seu eu, do que aquele que se torna títere popular, algo industrializado.
Talvez o Oscar Wilde levasse em conta aquela frase que diz que a arte não anda de mãos dadas com o dinheiro. No socialismo seria viável a questão do Individualismo artístico, mas como vivemos em consubstanciado capitalismo é quase que um massacre ao artista a criação de obras, sobretudo literária, em que não haja reconhecimento e lucro para o bolso ou conta bancária. Por isso digo como disse Cícero: se vives em Roma, vive como um romano. Se vivo eu num capitalismo, tenho que viver como um também e me adequar ao gosto popular, escrevendo coisas que me deem lucro e reconhecimento. Ainda bem que o próprio Oscar Wilde cita no seu livro ter tudo isso um quê de utopia, pois se não o fosse iria ficar bastante preocupado.

2 comentários:

  1. Boa noite Anderson,
    Sou do Rio de Janeiro, e pesquisando justamente os escritos de Oscar Wilde entrei no seu blog.
    Oscar Wilde foi a meu entender, um revolucionário frente a época conservadora em que que viveu. Para ele, as pessoas tinham o direito de manifestar-se livremente, teriam que ter liberdade de expressão.
    Sucesso em sua carreira literária, continue manifestando em seus escritos o que você traz no fundo de sua alma.
    Te convido a acessar os seguintes blogs: www.nateiadaliteratura.blogspot.com (é de Stella, professora com doutuorado em literatura) e www.razoesparaosucesso.blogspot.com , que é de Maria Elizabeth, médica (são de duas amigas); Vale a pena acessar! Inclusive o primeiro blog menciona muito sobre a obra de Oscar Wilde .
    Um abraço e tenho certeza que vamos nos encontrar nos blogs.
    Elisabeth de A. Pinto

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    1. Valeu Elisabeth. Por esses dias estive sem tempo e hoje vi sua postagem. Muito obrigado. Irei visitar-lhe sim. Sucesso!

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