“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

sábado, 26 de fevereiro de 2011

IMPRESSIONANTE! LEI DATADA DE 1969 QUE FAVORECIA EX-GOVERNADORES COM PENSÃO VITALÍCIA AINDA PREVALECE...

Lendo O fórum, jornal do advogado da OAB, Secção do Maranhão, deparei-me com a notícia importante de que a mesma propõe intervenção na ação contra pensão de ex-governadores ( o artigo nº. 45 das Disposições Constitucionais Transitórias fixou a pensão aos ex-governadores e a Lei 6245 estendeu a pensão às viúvas dos ex-governadores – ver se pode - ) ,pensão esta mensal no montante de R$ 23.200,00 (vinte e três mil e duzentos reais).
Outra coisa muito significativa é que tal privilégio é conferido desde 1969, ferindo assim a atual Constituição promulgada em 1988 que não confere esse privilégio. Segundo O fórum, há previsão regional em relação a tal benefício, no que retruca Mário de Andrade Macieira, presidente da OAB-MA: “Mesmo com tal previsão regional, a medida não deveria acontecer, por um motivo simples: o Brasil funciona sob o regime de Federação. Como a Carta Magna de 1988 deixou de conceder a pensão aos ex-presidentes, as constituições estaduais deveriam acompanhar o entendimento da Lei Maior”.
Mas há uma pergunta que não quer calar: se, porventura, o STF (Supremo Tribunal Federal) homologar a suspensão de tal benefício, haverá o ressarcimento por parte dos ex-governadores ao erário público? Talvez o STF até homologue o cancelamento do benefício, mas e aí, aquele jeitinho brasileiro não irá interferir na questão do ressarcimento? Somente uma coisa posso vos afirmar: o Estado não correrá o risco de ser preso e julgado caso não pague mais a magra pensão aos seus “filhinhos necessitados”.
Essa questão supradita chega até ser contraditória no que se refere ao atual sistema político que nos rege (sistema esse defendido pelos próprios políticos), o neoliberalismo, pois este é totalmente adverso ao Bolsa Família de fato (o programa que tirou muitas pessoas da situação de miséria), já que isso propiciará a acomodação de muitas pessoas (tese defendida pelos neoliberais). E o “Bolsa Escola dos Políticos” cedido desde 1969, não os deixarão também acomodados? Será que somente o povo é permanentemente o ponto nevrálgico do sofrimento proporcionado pela cúpula político-administrativa?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O CONSERVADORISMO POLÍTICO

Enquanto houver esse prematuro conservadorismo político, a pobreza há de reinar (desculpem-me leitores pela afirmação curta e grossa). Não sou contra esse processo político. É factual. O mesmo deve haver, mas não quando o processo em ebulição é o de desenvolvimento.
Como pode haver a conservação política brasileira se o Brasil ainda está em pleno processo desenvolvetório? Se porventura ocorrê-lo no momento errado (e ocorre), o Brasil estagnará, inviabilizando assim seu tão sonhado progresso, pois a nossa nação ainda não faz parte dos países desenvolvidos, dos países cujo PIB cresce significativamente de ano em ano. O xis da questão é saber aplicá-lo (o conservadorismo) no momento certo, não o fazendo como o fazem os políticos conservadores, sobretudo aqueles que persistem em manter a tal situação precária em que passa a sociedade, a de uma grande diferença no que concerne à questão rico-pobre, ou seja, à grande desigualdade social.
De fato, o político que adotar o conservadorismo a essa altura do jogo não quer ver o progresso da nação, mas tão-somente seu auto-progresso, vindo com isso a promover a manutenção dos interesses particulares, encabeçando seus títeres em cargos de significância, no escopo das vantagens tiradas a partir de tais cargos. Tudo isso salientando o ditado popular de que uma mão lava a outra.
Temos um exemplo significante de quanto o conservadorismo político mal empregado nos leva à deterioração social e a um retrocesso político de fato. E qual exemplo é esse? A Ditadura Militar imposta pelos militares em 1964. O Brasil, durante a dita ditadura, foi guiado durante vinte e um anos por “líderes” conservadores, por uma inaptidão exorbitante que quase desfalca os alicerces históricos que fez do Brasil uma nação. O desemprego e a pobreza era em alta, assim como o congelamento salarial, o alto custo de vida, os vários impostos, dentre outras agruras que calcaram o progresso brasileiro. E isso por quê? Ora, devido ao conservadorismo aplicado pelos militares. Não, melhor! Devido ao conservadorismo aplicado num péssimo momento, por isso, mal aplicado.
Como poderia o Brasil, um país periférico e atrelado à cartilha de Washington, manter-se conservado em tal momento de crise? Quem quer conservar-se num momento drástico? Qual é o ser humano que está doente e doente quer permanecer, ou seja, quer assim conservar-se? Aposto que ninguém (eu mesmo não quereria). Então por que manter esse tal conservadorismo político numa época como essas em que o Brasil se retorce em chagas mal curadas? Seria o interesse pelo desenvolvimento do Brasil ou o interesse particular, com o foco de um enriquecimento rápido, enchendo assim os toneis dos interesses e das vantagens?
Por isso reafirmo o que disse no início: enquanto esse tal conservadorismo político for mal aplicado, a pobreza, a fome, o desemprego, o indigno salário e as demais danosas hão de reinar.
Por que não aplicar esse conservadorismo quando chegarmos ao ápice? Por que não se utilizar desse conservadorismo para conservar a nossa riqueza e o PIB quando estivermos na lista dos países mais desenvolvidos do mundo? Por que muitos políticos o utilizam nesse momento de crescimento onde a diferença entre classes é clara e espantosa? Isso é factual e só não o enxerga os que já foram cegados pela política circense brasileira, sobretudo os que já engravidaram tolices, fecundando em seus ovários ideológicos a ignomínia dos entretenimentos.
Portanto, não podemos ver o conservadorismo com maus olhos. Devemos nos ater mesmo é na sua boa aplicação, sabendo como aplicá-lo e em qual época fazê-lo. É por isso que ainda há muitas coisas ruins acontecendo com o povo devido à política de alguns líderes. É a má aplicação dos sistemas, como é o caso do Neoliberalismo. Mas, por enquanto vou ficando por aqui. Por enquanto irei vivendo sob a aba de ações mal aplicadas que não nos deixam furtar às danosas.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DETALHE TÉCNICO – E.U.A

Será por que os E.U.A comumente faz intervenções em outras nações, sobretudo quando elas pendem para a esquerda? Já reparaste nisso caro leitor? Não? Então aí irão algumas artimanhas do “Tio Sam”:
1.       Segundo a revista intitulada Grandes líderes da história da Editora Arte Antiga, por Claudio Blanc: na América Espanhola, governos eleitos democraticamente, mas com tendência socialista, foram depostos pela direita local apoiada pelos Estados Unidos;
2.      Assim foi no Chile e na Guatemala. Neste último, cujo governo foi eleito democraticamente, houve a ação considerada como extrema, a reforma agrária, provocando a intervenção norte-americana, que acabou depondo o regime.
O mesmo aconteceu em Cuba, onde daí nasceu os mitos de Fidel Castro e Che Guevara.
O mesmo aconteceu no Brasil quando da renúncia de Jânio Quadros (o presidente da época), vindo a assumir no seu lugar João Goulart, o vice-presidente, e comunista por sinal. Segundo Claudio Blanc: no Brasil a história seguiu direção semelhante. A chegada de um presidente que simpatizava com a esquerda (Jango) empurrou o pêndulo da História totalmente para a direita, fazendo que os conservadores tomassem o poder do País. E pergunto-vos leitor, com ajuda de quem? Ora, do nosso Irmão que nos ama. E adivinhem só o nome dado à operação: Operação Brother Sam.
Uma coisa posso afirmar-lhes leitor: o apoio norte-americano foi definitivo para o golpe de 1964, agindo por intermédio do seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, patrocinando aos militares os serviços da CIA, armamentos, navios de guerra entre outras coisas úteis  à ação golpista.
Um último detalhe técnico senhores. Segundo Claudio Blanc: Na verdade, a influência norte-americana se estendia do setor político ao econômico. Com efeito, no governo Castelo Branco, acentuou-se a internacionalização do capital estrangeiro no País.
E aí, o que acham? Não tecerei mais detalhes técnicos para não exasperar-me mais do que já estou. Mas e aí leitor, o que achas? Já parou para se perguntar o porquê da intromissão dos E.U.A nas questões internacionais, mormente quando o assunto é comunismo ou socialismo e, sobretudo reforma agrária?  Sabes por quê? Porque enquanto o capitalismo se sobrepor, o Tio Sam nunca deixará de ser potência, nunca deixará de ser o primeiro, pois sabe Ele que com o socialismo ou o comunismo, todos os continentes e países hão de se igualarem, não havendo essa questão de chefia ou potência, pois estes dois sistemas possibilitam a distribuição equiparada das riquezas, pelo menos teoricamente. Não! Cometi um equívoco. A distribuição igualitária de terra foi um dos motivos que galvanizou a Guerra do Paraguai, pois as riquezas eram distribuídas com igualdade, e isso amedrontava os países capitalistas, já que havia bons recursos e serviços públicos em tal país. Tudo isso devido à distribuição igualitária das riquezas.
O E.U.A faz de tudo para continuarem sendo os mandões – e quem não gosta de mandar? Por isso sua intromissão quando há qualquer vestígio de socialismo ou comunismo, quando há qualquer anseio ao fim dos paradoxos, quando há qualquer obra que vise planar o declive tão acentuado entre uma classe e outra, principalmente à que diz respeito pobre-rico. Por isso a direita sempre é apoiada pelos norte-americanos, já que aqueles são latifundiários, empresários, enfim, a cúpula que sustenta toda a concentração de renda e inviabiliza a ascensão social das classes oprimidas.
Quem manda não quer parar de mandar. Quem possui ouro nas mãos não o quer dividir com todos. Você acha que os norte-americanos são diferentes?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A ARTE NA VISÃO DE OSCAR WILDE

Nos últimos dias li um livro do Oscar Wilde intitulado de: A alma do homem sob o socialismo. Um intrigante livro, sobretudo no que diz respeito às artes, levando o autor em conta a questão do regime em que se vive como algo ensejador à arte propriamente dita. Ele fala muito na questão do Individualismo, não aquele individualismo capitalista em que as pessoas só pensam em si e no seu bolso, mas o Individualismo propiciador da arte. As ideias do livro, reiterando, giram em torno da questão do socialismo-capitalismo, quando é explicitado em determinadas páginas a questão da produção artística.
Um dos pontos nevrálgicos é quando o autor diz ser o capitalismo uma fonte produtora de arte, assim como qualquer outro sistema. Mas, em tal afirmação, o que me chamou a atenção foi a enfatização autoral de que a arte-capitalista não é Individualista, oriunda do Individualismo que o socialismo galvaniza, o que gerará daí a arte que agrada o ego da pessoa que a criou. Não! No capitalismo a arte tem que se adequar às aspirações do povo, pois a opinião pública é o que interessa, a opinião pública é que é o carro-chefe da boa ou má qualidade artística, não interessando a obra qualitativamente, mas tão-somente se é de agrado ou não do público, se se adequa ou não ao nível artístico popular, pois sem gosto popular não há venda e sem venda não há capitalismo. E notem que não é um público especializado, mas o populacho de fato. Isso até lembra um pouco de mim, pois lancei recentemente um livro de poemas intitulado Migalhas de Pão, nunca reconhecido e pouco vendido, sofrendo inclusive críticas populares, como: linguagem arcaica, vocabulário pesado, difícil de entender. Ora, se fosse à busca de entender a pujança da 5ª de Beethoven, morreria e não a entenderia. Sinto-me melhor sentindo-a artisticamente. Quero deixar algo claro: o objetivo é que requer compreensão, como a ciência. O subjetivo requer somente o sentimento, é a arte. No dia em que começarmos a entender o sentimento uns dos outros (algo inviável), aí sim se poderá buscar o entendimento de uma obra artística.
Voltando ao livro. O autor inclusive chega a citar autores, principalmente escritores românticos, que no início escreviam livros para satisfação própria, mas como os mesmos não eram vendidos, tampouco procurados e não reconhecidos pela opinião pública, o autor começava a escrever romances que agradasse ao povo, visando principalmente o lucro e assim fugindo de sua Individualidade devido à busca incessante de agradar o gosto escasso do vulgo. Isso é o que Oscar Wilde recrimina no capitalismo e usa como respaldo benéfico para o socialismo, defendendo a questão do homem que busca sua Individualidade e não a grosseria do gosto popular, dando como melhor o artista que crie para si, viajando no seu eu, do que aquele que se torna títere popular, algo industrializado.
Talvez o Oscar Wilde levasse em conta aquela frase que diz que a arte não anda de mãos dadas com o dinheiro. No socialismo seria viável a questão do Individualismo artístico, mas como vivemos em consubstanciado capitalismo é quase que um massacre ao artista a criação de obras, sobretudo literária, em que não haja reconhecimento e lucro para o bolso ou conta bancária. Por isso digo como disse Cícero: se vives em Roma, vive como um romano. Se vivo eu num capitalismo, tenho que viver como um também e me adequar ao gosto popular, escrevendo coisas que me deem lucro e reconhecimento. Ainda bem que o próprio Oscar Wilde cita no seu livro ter tudo isso um quê de utopia, pois se não o fosse iria ficar bastante preocupado.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

COISINHAS DA INFÂNCIA 2: uma visão nacionalista

Muitas tardes, muitas tardes mesmo, as de outrora, tardes estas que faziam parte da minha rotina de infância, foram sempre levadas na brincadeira (e qual a criança que não brinca?), isso tudo quando passei a morar no centro histórico, denominado, pela UNESCO, ainda no governo da Roseana Sarney, de patrimônio cultural da humanidade. Para dizer a verdade, sempre morei no centro histórico de São Luís, até quando era somente nascituro. Morei no Desterro séculos após ser invadido e saqueado pelos batavos.
Uma coisa posso afirma-lhes com total veemência: nasci um ano após a promulgação da nossa atual Constituição Federativa e no Estado de quem a promulgou, o José Sarney. Perdi muitas coisas que queria ter participado e estar vivo para ver. Uma delas foi o golpe militar de 1964, querendo eu ter participado do movimento estudantil da época, inspirado pelos ideais de um argentino comunista, Che Guevara, buscando juntamente com os estudantes a fome ideológica da concretização de uma sociedade alternativa. Uma eternidade se passou antes de eu nascer. Uma eternidade há de passar após minha morte.
O que posso dizer-lhes é que minha infância não foi conturbada como a infância brasileira a foi, quer dizer, foi em partes. Ao nascer nem sequer mamei nas tetas das vacas dos latifundiários, mas tão-somente mamei nos seios de minha sofredora mãe.
Desde quando nasci vim morando de aluguel, mas nunca tive coragem de pedir um pedacinho de terra aos latifundiários. Pra quê? Pra deixá-los com o medo de relembrar o espectro janguista-comunista com suas sonhadas reformas de base? Pra quê? Pra me fazerem ser temido por meio de denúncias na mídia? Para ser torturado pelos meios coercivos estatais e ser tachado de comunista, já que estes são denominados subversivos e agitadores (não por mim, mas pela classe patronal)?  Ah, ia me esquecendo dum detalhe: na dispensa da minha humilde moradia havia e há mais macarrõezinhos instantâneos do que bife na geladeira, esta um pouquinho antiga e enferrujada, mas não deixa de ser uma geladeira, e muita boa por sinal. Já a infância brasileira passou pela mesma situação, alimentando-se somente do miojo e deixando com que os empresários e oligarcas comessem o tanto de bife que quisessem. Nos pratos populares havia somente o feijão com arroz (nada contra esse prato, pois não o troco por qualquer escargot), e nos poucos pratos elitistas o cardápio variado, o sushi monopolista de interesses econômicos.
Nasci bem depois da greve de 1951, que ficou conhecida como a “Balaiada Urbana”, mas nem por isso me desanimo, pois ainda dialogo com o Poeta Nauro Machado que é testemunha ocular do que aconteceu. O mesmo digo da greve da meia-passagem realizada pelos estudantes no período governamental do Castelo, último governador eleito indiretamente. Não pude vivenciar esses grandes acontecimentos. Parece-me que antes o povo ia à busca de uma solução. Hoje as coisas mudaram. Todo ano a tarifa dos coletivos aumenta e só ouço reclamações nos cantos. Reclamar com as paredes mudará algo?  O negócio mesmo é dá duro no trampo. Nós trabalhamos para eles receberem. Sempre foi assim desde que nasci: é né, fazer o quê?  A gente é que faz malabarismos pra não passar fome e eles é que são os artistas.


POEMA FEITO À MEIA-NOITE

Ó céu putrefato de um governo omisso,
quantas mortes serão precisas para te conscientizares
de que a unidade calca o disperso?
Qual o índice de criminalidade que irá ensejar-te
a quebra dos antagonismos e a ascensão do pobre, economicamente?
O pobre é mais pobre (pauperização agora é arte). O rico é mais rico, e
somente um lado da balança pesa significativamente.
O achatamento é assíduo em todos os sentidos, e somente
quem sabe dizer tolices faz arte.
Vivemos num paradoxo político.
Nossa vida não nos pertence, e o que
era biônico ontem é biônico hoje,
no Pacote não de Abril, mas de Janeiro a Dezembro.
Mesmo assim tenho que vestir as vestes opacas do Estado,
de chorar lágrimas de crocodilo,
de fofocar sobre a ascensão de mais uma oligarquia,
de ouvir menos Rachimaninov e curtir mais a tal Folia,
e o mais cruel de tudo: resignar-me com a soberania do veredicto.
Vivo vinte e quatro horas e o que aprendo? Que o viver não interessa,
mas tão-somente o existir.
Aprendo que tenho que trabalhar mais, trabalhar até
morrer para sustentar as prerrogativas de um ambicioso,
para preencher a lacuna das alíquotas.
Meu sonho já não é mais o de chegar onde quero,
mas sim o da necessidade de nunca passar fome,
o da preocupação de como me “virarei” amanhã,
a perguntar-me intensamente: como conseguirei dinheiro?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

UMA VIDA...

O desenlace de uma vida se dá, no ponto de vista de muita gente, com a morte, e esta para muitos é o maior terror e temor, superior a todos os demais medos.
Uma das coisas que mais me impressionava era o tremendo medo que minha mãe tinha de eu morrer. Era algo sublime. Mas eu, ao contrário dela, não tinha medo da morte, mas tão-somente da forma como iria morrer, se de velhice, se baleado, se estrangulado... Sempre encarei a morte como um ponto de liberdade, como o primeiro degrau da verdadeira ascensão. Digo-lhes isso devido à vida que levamos. Qual? Esta em que não fazemos o que queremos, mas o que propõe o homem mascarado de Estado. Se porventura alguém tiver a ousadia de fazer o que quer, sem se importar com o desejo do Estado, do governo, das alíquotas ou de algo afim, com certeza tal pessoa será marginalizada, posta de lado pela sociedade, sofrendo a qualificação de pessoa desqualificada. E quem gosta de ser posto de lado, de ser tachado de ineficiente? Eu particularmente não gosto. Por isso digo ser esta vida algo que se assemelha a uma efêmera prisão, já que temos que nos adequarmos às convenções estabelecidas por um determinado grupo, sobretudo os oligárquicos. É uma prisão de fato. De fato no meu ponto de vista, não sei se nos dos outros. Sabes por quê? Porque vejo pessoas que possuem patrimônios e materiais que despertam “vontade de ter” serem bajuladas, serem bem tratadas, serem bem recebidas. Alguém já viu algum mendigo, algum pedinte, aqueles vendedores de bombons dos coletivos serem bajulados, babados? Alguém já os convidou para almoçar em sua residência, para matar a fome da fraternidade? Isso é o que me entristece em demasia: o interesse das pessoas pelo materialismo alheio, pela posição de alguém, pela condição financeira de outrem. Isso é o que vejo todos os dias, no dia-a-dia que se configura um paradoxo em relação ao que disse Oscar Wilde: “a verdadeira perfeição do homem reside não no que o homem tem, mas no que o homem é.”
É por isso que continuo a afirmar ser esta vida uma prisão para muitos, um ponto de aprendizagem onde só a loucura há de dinamizar qualquer situação engessada. Muitas das vezes já fui rejeitado por estar de bermudinha e sandália, assim como já fui bajulado por estar de Nike Shox, Rat Boy e Adidas, pagando rodadas de cerveja, consumindo nalgum bar ou algo afim. O que é isso? Estamos passando a dignificar a índole das pessoas pelo o que elas têm? Então quer dizer que os abastados são seres humanos e os que estão catando lixo para sustento próprio e familiar é bicho? Não levem o poema do Manuel Bandeira a sério. É arte! Eles são também seres humanos, com a mesma parcela de dignidade que qualquer elitista diz possuir. Que bom que um dia, acho eu, a não ser se a reencarnação de fato existir, deixarei de presenciar tais situações, tais condições.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

MERCADO CENTRAL

Tem um lugarzinho aqui perto de onde moro temporariamente, aqui perto da Travessa do Portinho – Centro 128, chamado de Mercado Central, um tipo de supermercado do povão, entendeu? Sei que deve ter alguém se perguntando: e os outros supermercados, não são do povão também? Talvez sim, talvez não. A particularidade do Mercado Central é essa. Qual? Ele é de fato do povão, e quando falo em povão falo de quem não é burguês, já que estes efetuam suas compras nos centros-climatizados-capitalisados.  Achas leitor que, se o Mercado Central fosse frequentado por burgueses, estaria nessa situação que estar, em plena decadência no que tange à edificação, à estrutura? Não! Mas deixemos isso de lado.
Uma das coisas que mais gosto é de, ao acordar, dirigir-me para lá (pro Mercado Central) para tomar aquele caldo de ovos. Quem aí gosta de caldo de ovos? Quem gosta de tomá-lo no São Luís Shopping, no Jaracati Shopping, se o tem? Não interessa, prefiro no Mercado Central, sobretudo devido à companhia que sempre encontro por lá. Chego lá aproximadamente às 09:30 e peço um caldo de ovos. Nesse ínterim chegam outros clientes, sendo eles operários, homens que carregam as compras alheias nos carros-de-mão no custo de dois reais, sacoleiros, vendedores ambulantes, enfim, operários que dão duro no trampo o dia inteiro para ganharem um quê de desvalorização trabalhística, sem o conhecimento do que seja a mais-valia. Nem imaginam eles o quanto gosto de suas companhias, de suas simplicidades educacionais. Mas, voltando ao caldo de ovos. Quando chegam esses clientes supracitados a perguntarem o que tem para comer, eis que o dono do pequeno restaurante responde: tem mocotó, panelada, sururu no leite de coco e caldo de ovos. Pelo o que vejo o prato preferido dos meus irmãos- humildes-trabalhadores é o mocotó, não o “mocotó” dos meus outros irmãos-burgueses-shoppinganos, que preferem um Mc Feliz. Mas o que mais me faz gostar do local onde tomo o caldo como café da manhã é a loja de ração ao lado. Pense, tomando um caldinho e sentindo um cheirinho de ração de cachorro. É divino! Quem não sabe apreciar tal cena e tal faro não é digno de ler um Rimbaud, ou de ver um Van Gogh, ou de ouvir a segunda de Mahler. É uma arte, simplesmente. Imaginem só o ar de simplicidade com um quê de rústico que isso proporciona. Quem me dera soubesse retratá-lo.
Se um dia realizar meu sonho e sei que irei realizá-lo, o de ser um Senador da República, nunca deixarei, prometo, de tomar o caldo de ovos do Mercado Central, a não ser quando não puder, mas sempre que tiver disponibilidade estarei lá. Caros eleitores, se um dia votares em mim e quiseres reivindicar, passe no Mercado Central pela manhã que lá me encontrarás a tomar um caldinho. Irei ouvir-lhes com toda certeza.
Para finalizar quero dedicar alguns abraços: abraços aos companheiros de café da manhã, meus companheiros de trabalho pesado no foco do sustento familiar. Abraços aos meus irmãos que somente buscam o que comer e o lugar onde morarem.  Um gigantesco beijo à minha mãe amada por ter me levado quando pequeno ao Mercado Central e por me ensinar que a simplicidade é o alicerce da vida. E um grande beijo ao meu pai por sempre pagar, quando peço, um caldo de ovos na rodoviária de Bacabal, quando volto, com direito a rima, a vivenciar o que é alhures da capital.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

OSCAR FROTA

Quem nunca ouviu falar no “Xirizal”?  Esse bendito Xirizal é o mesmo Oscar Frota, um recipiente de operárias do sexo. Mas ta havendo algo de surpreendente pelo lado de lá: tão querendo acabar com o Xirizal. Tudo isso devido a obras de drenagens que será efetuada pela prefeitura. Uma obra que irá deixar muitas pessoas entristecidas, pois há muita gente que tinha o Oscar Frota como um consolo, até mesmo como uma segunda casa. E as profissionais, como irão ficar, já que é de lá que tiram seu sustento, o pão de cada dia? Alguns devem até pensar que prostituir-se é crime, incluído no quadro de crime diário na parte geral do direito penal. Mas digo-lhes, crime mesmo é o prostíbulo.  Há prostitutas que até se aposentam no ofício, tudo nos respaldos legais. Caso a profissional pague uma taxa ao dono do bar onde marca seu ponto de “paquera” caracteriza prostíbulo e consequentemente crime, caso contrário não o é.
E agora? O Xirizal já virou cultura, faz parte do patrimônio cultural da humanidade. Como findá-lo assim, de chofre? Acho que deveria haver um plebiscito. Uma votação geral para a decisão de por fim ou não no mesmo. Ah, me esqueci, não é somente um ou dois que pode enfrentar a prefeitura contra o fim do Xirizal, devido à Supremacia do interesse público. E agora?
Lendo um blog na internet, o do Luís Cardoso, vi algumas reclamações efetuadas pelas profissionais. Eis aí uma?
“Esse prefeito quer acabar com nosso ganha pão. Se ele acabar com o ‘Xirizal’, como vamos sustentar nossas famílias? Ele vai ter quer criar o Bolsa Rapariga”, desabafa Rosângela Sousa, 20 anos de luta diária no pedaço
E aí. Supremacia do interesse público ou plebiscito?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

COISINHAS DA INFÂNCIA


Hoje adentraram em mim várias reminiscências a respeito da minha infância. Tive-a, com certeza, igualzinha às demais. Um ponto interessante são as paixõezinhas surgidas por uma brincadeira que costumávamos, eu e meus coleguinhas, fazer às escondidas. Era o “cai no poço”, onde todos ficavam enfileirados e sentadinhos, enquanto ia um para frente destes que sentados estavam e, outro ia por trás e lhe tapava os olhos, fazendo as célebres perguntas até a escolha opcional: pera, uva, maçã ou salada mista?  Todos escolhiam salada mista, que nada mais era que o designativo do beijo na boca. Lembro-me uma vez ter beijado uma menina mais velha e pense, não é que me apaixonei? Noutro dia não parava de pensar nela: ai a Luana, já a amo; até que deu novamente a hora do cai no poço, isso aproximadamente às sete e meia da noite, e eu a esperando me escolher dentre os que sentados estavam, pensando que nela também se guardava algum sentimento do pretérito beijo. Mas eis que ela beijou outro menino e todo aquele sentimento desmoronou num despeito que guardei no peito, naquele coração vermelhinho no formato duma bunda que aparece nos desenhos animados, já que assim é simbolizado o coração, talvez na tentativa de embelezá-lo em contraste com seu formato real cheio de tubos. Nada poderia fazer. Brincadeira é brincadeira. É o lúdico na infância.
Quando pela manhã de hoje, um sábado qualquer, surgiu-me outra lembrança da minha infância. Ela transbordou quando vi um questionário que estava sendo feito no jornal, e a pergunta feita era a seguinte: o que você acha do aumento salarial em 30% dos deputados? Aí vi um adolescente a dá sua opinião e imediatamente aparecendo sua identificação abaixo da telinha: Roberto Júnior-estudante. Seria ele realmente estudante, ou seria onanista? Eis aí o ofício da minha infância e das dos demais jovens. Quem nunca praticou onanismo não teve infância. Tive e tenho um amigo, cujo nome prefiro resguardar sigilosamente, garantindo assim a legalidade cível, que trabalhava com essa mesma arte, a do conhecer-se a si mesmo, não como queria Sócrates, mas como queria o desejo carnal. Quando à praia íamos, ficava simplesmente de olho nas bundas e biquínis, sobretudo naqueles todo enfiado. Mas a parte que ele mais gostava era quando as benditas sentavam para pegar sol (não sei como elas conseguiam pegá-lo, sempre achava que o sol era quem as pegava). E lá ficava ele a gravar na memória aquelas nádegas bronzeadas, aquelas saliências proeminentemente aguçadas entre as pernas meio-abertas, dando asas à imaginação. E sempre me dizia ele: hoje irei homenagear aquela bem ali de biquíni azul. E perguntava-o: homenageá-la como? No qual ele respondia: deixa que só eu sei. Não sabendo ele que tava eu fazendo-me de desentendido, pois no fundo sabia qual homenagem era aquela. Sinceramente, se ele fosse o estudante entrevistado durante os questionamentos sobre o aumento salarial dos deputados, logo abaixo na sua identificação haveria o seguinte: Cicrano da Silva-bronheiro.