“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A IDADE DO PETRÓLEO

POR ANDERSON COSTA
Um fator preponderantemente preocupante e que é motivo, pelo menos em tese, de demasiadas discussões mundiais é o da lenta degradação pelo qual vem passando o planeta, tornando-se assim o pivô das ditas discussões o possível fim da Idade do Petróleo, pois, como define o ex-ministro Delfim Netto: “a Idade da Pedra não acabou por falta de pedras, mas pelo fato de outras tecnologias mais eficientes terem sido inventadas”.
De fato, há, quase que exclusivamente, uma dependência integral dos homens para com o ouro negro, uma dependência com o carro-chefe ameaçador, devido aos problemas ambientais que vêm causando, da própria existência humana, já que o consumo mundial não dá sinal de trégua, como afirma Carta Capital: “o consumo mundial cresceu quase 30% entre 1990 e 2008, de 67 para 86 milhões de barris por dia. No mesmo período, a demanda do petróleo na Índia mais do que dobrou e a da China, triplicou. De acordo com o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Nobuo Tanaka, em 2010 o mundo consumiu 2,7 milhões de barris a mais que no ano anterior. O ritmo de crescimento deve se repetir em 2011.
Pode-se ver, nesse sentido, a atuação malévola do petróleo no que concerne à temperatura, pois houve o estrepitoso aumento de dois graus em pleno século XXI, algo anormal e galvanizado, sobretudo, pela queima de combustíveis.
Mas, todo esse desenrolar gira em torno do conforto social e, obviamente, abrir mão de uma boa “qualidade de vida” é quase que impossível, já que quase tudo o que se produz hoje é oriundo do petróleo, desde os produtos de limpeza doméstica a remédios preventivos do câncer. Indubitavelmente, será doloroso o desvencilhamento homem-petróleo, assim como sua mudança de identidade: “de homem hidrocarboneto a tão somente homem”.
Todavia, a pergunta hipotética que os homens fazem a si mesmos é a seguinte: “como será o mundo sem o petróleo?” Talvez nem respostas haja. A dependência da sociedade em relação aos combustíveis fósseis é patente. Vê-se isso na quantidade de automóveis que circulam no mundo, aproximadamente, segundo Carta Capital, de 800 milhões.
O que resta, como o explícito exemplo que se é visto no Oriente, é seguir os ditames e caminhos traçados pela China, olhar o futuro e investir em turbinas eólicas, paineis solares e biomassa, pelo menos para a amenização futura de uma quebra contundente. O investimento em tecnologias provenientes de fontes renováveis, não poluentes e que supra o petróleo em todo seu dinamismo é o quê das discussões atuais, pois, na falta do petróleo como se moverão os automóveis e aviões? Como serão produzidos os polímeros? É algo a ser pensado, debatido e, caso venha a ser solucionado, buscado para o bem do homem, do planeta e seu futuro.

sábado, 7 de maio de 2011

Ambição incontrolável

Delfim Netto
Um número crescente de leitores de jornais e revistas voltou a comentar as ideias e discutir os argumentos de artigos e análises que tratam de política econômica. Isso no momento em que se trava uma discussão bastante nervosa em torno das taxas de inflação. Há opiniões de gente do governo (e também de fora) que o momento não é propício a uma ampla discussão pública do problema, porque isso poderia deteriorar ainda mais as expectativas inflacionárias.
Concordo que essa é uma preocupação importante, mas a ampliação do debate hoje é necessária para que não prevaleça o pensamento único imposto à imprensa por grupos restritos que se julgam portadores de uma ciência econômica que, na verdade, não existe. “Cientificamente”, os vastos recursos do sistema financeiro influem decisivamente na construção das expectativas da inflação. São elas que dão o suporte necessário à elevação das taxas de juro.
Nosso papel é insistir em questionar esse mecanismo de criação das expectativas que o Banco Central acaba sancionando. No final, oficializa a estimativa de inflação que é do próprio sistema financeiro. Quando criticamos esse mecanismo, não estamos dizendo que a taxa de juros não é um instrumento válido para combater a inflação, mas sim que este é um processo perverso que pode pôr em xeque a própria democracia: quem controla a mídia acaba impondo a sua vontade.
Vivemos um período relativamente longo (nos anos que antecederam a eleição de Lula) em que o debate econômico esteve interditado. Com a “virada de agenda” em favor do crescimento com inclusão social, parece ter renascido o interesse em discutir a política econômica de forma ampla, sem restrições.
Não há nenhuma razão para acreditar que a utilização da taxa de juros não possa ser acompanhada de medidas macroprudenciais no combate à inflação. Em um mundo ideal, em que tudo caminha bem, sem atritos ou restrições de qualquer natureza, a taxa de juros era uma coisa fantástica: bastava apertar um botão e ela subia, colocando a inflação no nível que o Banco Central desejava. Hoje, ninguém mais acredita que os bancos centrais sabiam como controlar a inflação ou defende a ideia de que só existia um instrumento para fazê-lo. Nem mesmo os economistas do FMI manifestam essa crença. Seguramente, o que se espera é que os Bancos Centrais prestem atenção em pelo menos três coisas: 1. A higidez do sistema financeiro, no que o nosso Banco Central foi mestre. 2. O controle da inflação, sobre o que tenho minhas dúvidas. 3. A utilização de medidas macroprudenciais.
No mundo real onde vivemos, cheio de complicações, é preciso observar primeiro se a elevação da taxa de inflação no Brasil é simplesmente produto de um excesso de demanda interna ou se ela é mais a consequência de um descompasso entre procura e oferta na estrutura interna do setor serviços.
Por mais que se queiram ignorar os fatos, a verdade crua é que o nível da taxa de juros brasileira propicia uma arbitragem que é incontrolável. O governo está usando alguns instrumentos para reduzir o ritmo da sobrevalorização que ela permite. Mas não devemos ter dúvida, mantendo-se as oportunidades de arbitragem, a valorização não para. O que significa que setores que produzem e precisam exportar vão continuar sofrendo imensos prejuízos.
As consequências são terríveis para a nossa indústria e logo também poderão infligir danos à agropecuária. Por enquanto, o campo se defende porque os preços externos dos alimentos estão nas alturas. Até quando vão continuar assim é impossível prever. O agronegócio poderá sentir menos que os demais setores os efeitos da variação cambial, porque o dólar terá de se ajustar no momento em que os preços agrícolas caírem. Mas ainda deve demorar um pouco.
Já há, contudo, alguns sinais de mudança na atitude dos organismos internacionais, indicando a possibilidade- de se estabelecerem controles sobre o movimento de capitais. Há pouco mais de duas semanas, o FMI admitiu que, em “circunstâncias específicas”, o controle do fluxo de capitais pode vir a ser uma das ferramentas da política econômica dos países que estão sofrendo por causa da supervalorização de suas moedas. Esses países não devem continuar a ser obrigados a assistir passivamente à erosão de sua base industrial sujeita à competição desleal de países mais espertos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

EXTRAÍDO DIRETAMENTE DA ISTOÉ: www.istoe.com.br


Quase dez anos depois do 11/9, Osama Bin Laden é eliminado



Terrorista mais procurado do mundo foi morto em ação americana; talibãs prometem vingança
AFP
Os talibãs paquistaneses, aliados da Al-Qaeda, prometeram nesta segunda-feira vingar a morte de Osama Bin Laden por uma operação americana, e prometeram atacar objetivos americanos e do governo paquistanês.
"Não podemos confirmar o martírio de Osama Bin Laden, quando nossas próprias fontes confirmarem estaremos em condições de afirmar outra coisa", disse o porta-voz do Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), Ehsanullah Ehsan, em uma entrevista por telefone à AFP. "Se conheceu o martírio, vingaremos sua morte e lançaremos ataques contra os governos americano e paquistanês, assim como contra as forças de segurança, inimigos do islã", disse Ehsan.
O TTP prometeu lealdade à Al-Qaeda em 2007 e no mesmo ano declarou a jihad (guerra santa) no Paquistão, cujo governo foi acusado de apoiar os Estados Unidos na luta contra o terrorismo.
Comemoração
Uma onda de alegria tomou conta da Times Square e do Marco Zero, em Nova York, assim como em todo o resto dos Estados Unidos depois do anúncio da morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Minutos depois de divulgada a noticia, milhares de nova-iorquinos começaram a festejar na Times Square, onde os telões exibiam a notícia confirmada pelo presidente Barack Obama.
"U-S-A, U-S-A, U-S-A!", gritavam as pessoas em coro, enquanto os painéis de noticias davam detalhes da operação militar americana que matou o terrorista mais procurado do planeta. "É um milagre", comentou Monica King, uma afro-americana de 22 anos que estava em Nova York quando ocorreram os atentados do 11/9. "Os ataques mudaram Nova York, mas, dez anos depois, tivemos a última palavra", afirmou ainda.
Gary Talafuse, de 32 anos, um turista do Texas, afirmou que os americanos sentiam um grande orgulho nacional nesta noite. "Pode ser que isso mude muito a estratégia da Al-Qaeda, mas depois de milhares de milhões de dólares investidos, é um grande perda para eles e compensa em parte nossos esforços", afirmou Talafuse.
Um grupo de jovens que era ainda crianças quando a Al-Qaeda atacou os Estados Unidos também estava entusiasmado. "Estou muito contente", afirmou Matthew Maciejewski, de apenas 20 anos, contando que estava na escola quando aconteceu o 11/9.
Milhares de pessoas também se dirigiram ao Marco Zero, em Nova York, onde os ataques de 11 de setembro de 2001 destruíram as Torres Gêmeas do World Trade Center que se erguiam no local. O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, destacou esperar que a notícia da morte de Bin Laden traga um sentimento de conclusão e conforto às famílias vítimas do 11/9.
"A morte de Osama bin Laden não diminui o sofrimento que os nova-iorquinos experimentaram, mas é uma vitória muito importante para nossa nação", acrescentou. Para o chefe da polícia de Nova York, Raymond Kelly, a morte de Bin Laden é uma notícia importante para as famílias das quase 3.000 vítimas dos ataques.
As ruas em torno do Marco Zero foram tomadas por pessoas exibindo bandeiras americanas e cantando o hino nacional. "Dez anos depois e finalmente o pegamos", declarou o capitão Patrice McLead, chefe dos bombeiros, que tiveram uma participação fundamental no momento da tragédia.
Em Washington, também houve uma explosão de alegria diante da Casa Branca, no momento em que o presidente Barack Obama anunciou a morte de Osama Bin Laden. Gritando o nome dos Estados Unidos, alguns manifestantes exibiam bandeiras americanas num ato espontâneo diante da sede da presidência para comemorar a morte do chefe da al-Qaeda. "Nunca senti tamanha emoção", declarou John Kelley, estudante de 19 anos. "É algo que nós esperávamos há muito tempo".
A notícia também foi festejada em eventos esportivos. Os torcedores dos Filis da Filadélfia, equipe das Grandes Ligas do beisebol americano, começaram a gritar em coro "U-S-A, U-S-A" no estádio Citizens Bank Park ao inteirar-se da morte do terrorista. A comemoração também tomou conta da tribuna da equipe adversária, os Mets de Nova York.
Risco de terrorismo
Porém, a felicidade pela captura não pode dar lugar ao descuido. A Interpol pediu maiores medidas de segurança nesta segunda-feira, alertando que a morte de Osama bin Laden pode provocar uma intensificação dos ataques através do mundo.
O secretário-geral da Interpol, Ronald Noble, recomendou vigilância extra da as autoridades para um aumento do risco de terrorismo por parte da al-Qaeda e seus associados como resultado da morte de Bin Laden.

Repercussão


Paquistão
O primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, qualificou de "grande triunfo contra o terrorismo" a operação que matou o líder da Al-Qaeda no país. "Somos contrários ao terrorismo, não deixaremos ninguém utilizar nosso território para atos terroristas contra qualquer outro país e, em consequência, considero que se trata de uma grande vitória", declarou Gilani. "Não conheço os detalhes da operação, mas é um êxito e apresento minhas felicitações por este êxito", completou o primeiro-ministro.
Afeganistão
O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu aos insurgentes talibãs que aprendam as lições da morte  de Bin Laden e interrompam os combates. "Pedimos aos talibãs que tirem as conclusões do ocorrido ontem e interrompam os combates, cessem a destruição de seu país e as mortes dos irmãos muçulmanos e dos filhos deste país, com o objetivo de optar pela paz e a segurança", declarou o presidente Karzai à imprensa.
Irã
A morte de Osama Bin Laden deixa os "Estados Unidos e seus aliados sem desculpas para manter suas forças no Oriente Médio sob o pretexto de lutar contra o terrorismo", afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã.

 "O Irã espera que este acontecimento ajude a estabelecer a paz e a segurança na região", delcarou Ramin Mehmanparast. "Os Estados Unidos e seus aliados não têm mais desculpas para manter suas forças no Oriente Médio sob o pretexto de que está lutando contra o terrorismo", acrescentou.


Palestina
O chefe de Governo do movimento radical palestino Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, condenou nesta segunda-feira a operação americana que matou Osama Bin Laden no Paquistão.
"Condenamos o assassinato de qualquer mujahedin (combatente islâmico) e de qualquer indivíduo, muçulmano ou árabe. Pedimos a Deus que dê sua misericórdia", declarou Haniyeh à imprensa em Gaza. "Se esta notícia é verdade, pensamos que se trata da continuidade da política de opressão americana baseada no derramamento de sangue dos árabes e dos mululmanos", completou.