“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Identidade


Sou maranhense, filho de uma mãe e de um pai, assim como do que sempre foi último no ranking das glórias, sendo somente terceiro no pódio das três colocações. Não amamento os entretenimentos, mas somente as dores do mundo de um pessimista schopenhaueriano. Quando acordo, sento-me no objetivo da leitura, contrariando a “arte do não ler” tão incitada por Nietzsche e Schopenhauer. Mas isso é após certa idade. Quando minha mãe estava gestante de oito meses, já me amava como um ser, apesar do Direito Civil assim não me considerar, já que era somente mais um nascituro. E o que isso importa às canetas do sistema bicameral federativo? O que importa é o amor que ela sentia e sente por mim.
Já tentei, ao acordar, ler jornais como todos o fazem, mas não deu certo. Nos jornais só há notícias ruins, e notícias ruins para começar o dia não é algo propício às benévolas galvanizações. Falta-lhes dizer outra coisa: na rua onde moro também mora a rua do subterfúgio e dos assaltos por viciados. Vivo a cada dia na felicidade de entender a incompreensibilidade dos homens, sem me esquecer de cumprir as obrigações sociais, sem me esquecer de fazer as demandas que sei não significarem nada à minha formação como humano, sem me esquecer que ao virar as costas falarão mal de mim, sem me esquecer dos que se interessam somente pelo o que tenho, pelo o que você tem, sem me esquecer, sobretudo, da individualidade do dia-a-dia, mas fazer o quê? Se assim não for serei rejeitado pela sociedade tão vidrada à mídia, à moda, ao trivial e ao que já foi pensado.
Nos diálogos cotidianos dialogo na técnica bocca chiusa, sem me fazer ser ouvido pelos ouvidos viciados e estuprados pelas merdas feitas arte, e o que é arte em plena contemporaneidade senão fazer merdas, senão dizer tolices, senão fazer canções que só beneficiem o corpo, onde este somente requebre e dance, ficando toda a cabeça estagnada? São as belezas do contemporâneo. E ainda há quem me pergunte o que entendo ao ouvir Mahler ou Tchaikovsky. E ainda há quem me diga...

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