“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

sábado, 18 de dezembro de 2010

Certa vez em São Luís

Certa vez um amigo me disse que a nossa ilha, não sei se magnética como diz a canção, iria um dia ser abraçada por uma gigantesca serpente que ficava com suas partes repartidas sob as estruturas de várias igrejas, ficando a cabeça pra lá e o rabo pra cá. Será quando a serpente nos abraçará de fato? Tenho certa dúvida em relação a esse aperto. Acho que as crianças das suítes sob as pontes já foram apertadas pela serpente. Melhor! Pelo cinto. Todas elas já apertaram em demasia o cinto na barriga, engulhando o stress dos transeuntes sobre quatro rodas.
Já a respeito dos aspectos festivos, ah! Isso há demais por aqui. Há desde o tambor de crioula ao bumba-meu-boi, há desde cacuriás à analfabetos shows. Aposto que muitos devem estar a perguntar: analfabetos shows? Que festividade é essa? É um tipo de show. Muitas pessoas encaram somente como show aquilo que nos leva a dançar, a beber ou a curtir, não querendo dizer que o analfabetismo não nos leve também, sendo inclusive algo a ser comemorado, mas em particular, pois, quanto mais analfabetos, mais pessoas a trabalharem vinte e quatro horas sem qualquer perigo de reclamação legal, mais bebedeira, curtição e dança para o proprietário. Vejo isso, pois, mesmo terminada a ditadura militar há tempo, ainda há arrocho salarial e jornadas exaustivas de trabalho.
Mas um dos pontos intrigantes desta bela cidade são os programas de televisão, sobretudo os de denúncia, levando ao ar apenas as reclamações que não afetam seu dinheirinho do fim do mês. Uma vez tentei fazer uma reclamação sobre atraso salarial, já que estava sem dinheiro para ir ao cinema assistir um filme tão esperado, sem contar o dinheiro que desperdiçaria por lá ironicamente, contrariando minhas ideologias. A reclamação não foi ao ar. Será por quê? Talvez eu tenha desconhecido o proprietário da transmissora. Talvez fosse o prefeito ou algo afim.
Porém, o que está me deixando nervoso ao passar dos dias é o medo de uma nova colonização, mas desta vez não será pelos portugueses, e sim pela condição que possuímos de somente comprarmos coisas baratas. A nossa capital está mudando de fisionomia. Do cabelo pixaim, dos olhos grandes e do vocabulário entanguido, está ficando de cabelo liso, de olhos fechadinhos e de um vocabulário não entendido. É a invasão dos Coreanos, conhecidos popularmente como “cocoreoto”, porque quando há alguém usando qualquer vestimenta falsificada dos coreanos (sem se esquecer o que já foi dito a cima, devido à condição que possuímos), um outro do lado de lá grita: essa camisa aí da Nike é falsa hein? É do cocoreoto. Os coreanos chegaram outro dia por aqui e já andam de carro, enquanto os que aqui moram há tempo só desfilam sobre os dois pés. Mas por que justo aqui eles resolveram invadir, sem contar as outras capitais deste “brasilzão” de meu Deus?
Uma palavrinha resumirá tudo: concentração de renda.

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