As crianças pedem o HABEAS CORPUS, o desagrilhoamento, o veredicto positivo e a viável e prometida carta de alforria. Elas sonham com a esperança de um dia serem soltas da prisão onde a fome é alastrante, queimando-as internamente o suco gástrico da infelicidade, marginalizando-as a educação peneirada. É de se imaginar a sensibilidade, a moral administrativa de um Deputado Federal que, ao invés de beneficiar a evolução educativa, moral e em todos os aspectos das crianças, compra uma lancha com o seu primeiro salário. É de se admirar a sensibilidade de uma prefeitura onde o pêndulo só pesa de um lado, ficando o outro à deriva do que vier. O salário mínimo, ou melhor, o salário ínfimo aumentou somente 35 reais. Talvez fosse melhor se o aumento fosse de quase 10 mil. Mas já houve o reajuste dos semideuses, tirando muito dinheiro que seria destinado à educação já desgastada, à saúde já enferma, à infra-estrutura afundada, às suítes-palafitas, aos esgotos em que nadamos. Admiro-me dos que conseguem tirar do salário ínfimo o oxigênio necessário à sobrevivência. O povo brasileiro é lutador, é estrategista, pois sabe como se virar com um grão de dinheiro, sabe encher o “bucho” com a farinha e a água, sabe admirar a discriminação de se comer um ovo com o arroz e o feijão, é resignado e não sonha com o Escargot num prato à hora do almoço, mas somente com escargot de uma vida melhor. Muita força ao povo. Que a honestidade em nós seja maior do que a pigmentação fétida de qualquer congresso.
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