por Anderson Costa
As tardes desterrenses ainda carregam nos lombos resquícios poéticos, estórias seculares, mexericos rotineiros, crenças, por vezes incrédulas, a Nossa Senhora do Desterro, nostalgias sem saudades, olhares de afeição rotineiramente lançados pela torre bizantina da Igreja cujo nome é o mesmo desse título, e o amarelo do mijo atrelado culturalmente às narinas e ao corpo do bairro qual pano branco no corpo de mal cuidada criança. Há quem reclame do fétido odor do mijo impregnado nas calçadas, o qual certamente dera o ar da graça no ensejo proporcionado pelas silentes madrugadas que têm seus tédios muitas vezes quebrados pelo apitar intervalado e sem qualquer modulação proveniente do vigia da rua, assim como pelas brigas e assaltos cometidos por viciados, na mesma quantia que há por aqui, na Travessa do Portinho. Mas, voltando ao mijo, há também quem não vê, apesar de não ser nada higiênico, o ar poético por ele proporcionado, concretizando nas férteis imaginações (de quem se deixa levar obviamente) silhuetas amargas de boêmios, de algum Nauro, de algum João, de algum Ribeiro.
O impressionante é o canto à capela feito sempre às tardes, homenageando-as, e o fiz citando as tardes desterrenses. Por que as tardes? Pelo vício crepuscular erigidos pelos poetas? Talvez sim. Talvez não. Mas, atinente ao Desterro, sobretudo aos domingos, nada é mais importante que as manhãs, entoadas semanalmente bem cedinho pelas bimbalhadas a indicarem iminente missa e com serventia de um inconveniente despertador. Por isso reitero: aos domingos as manhãs são de suma importância. Todavia, ainda há as bimbalhadas lúgubres (dando valor, não o monetário, às tardes) a informar com os devidos pêsames o falecimento de algum devoto, de algum desterrense, independentemente de simplório ou concupiscente. Porém, essa peleja entre manhã e tarde é anulada totalmente pelos dobrados que de longe provém. É a Banda do Bom Menino que anuncia o início da formal manhã e o finzinho de tarde com o hino da Fundação José Sarney, prédio público, tombado e, agora, imoralmente “privado”.
Todavia, o néctar desterrense se resume no canto da padaria, cuja proprietária se chama Dona Maria, onde rolam as conversas despretensiosas e paralelas, as persignações dadas às três e meia, os berreiros interioranos, as lembranças do que acontecera na última rodada de chope e os ameaçados de serem processados por qualquer injúria oriunda desta mexericagem.
O impressionante é o canto à capela feito sempre às tardes, homenageando-as, e o fiz citando as tardes desterrenses. Por que as tardes? Pelo vício crepuscular erigidos pelos poetas? Talvez sim. Talvez não. Mas, atinente ao Desterro, sobretudo aos domingos, nada é mais importante que as manhãs, entoadas semanalmente bem cedinho pelas bimbalhadas a indicarem iminente missa e com serventia de um inconveniente despertador. Por isso reitero: aos domingos as manhãs são de suma importância. Todavia, ainda há as bimbalhadas lúgubres (dando valor, não o monetário, às tardes) a informar com os devidos pêsames o falecimento de algum devoto, de algum desterrense, independentemente de simplório ou concupiscente. Porém, essa peleja entre manhã e tarde é anulada totalmente pelos dobrados que de longe provém. É a Banda do Bom Menino que anuncia o início da formal manhã e o finzinho de tarde com o hino da Fundação José Sarney, prédio público, tombado e, agora, imoralmente “privado”.
CONTINUA...
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