“Vivemos num mundo onde não fazemos o que queremos fazer, mas sim o que a convenção humana convencionou. Somos obrigados a fazer o que o Estado manda. Vivemos num mundo onde, se não temos nada somos marginalizados, somos olhados com olhares desprezantes, somos olhados de soslaio. Vivemos num mundo que, se temos algo, sobretudo monetário, somos babados, bajulados, estereotipados e, mormente, idolatrados” ANDERSON COSTA

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PARLAMENTARES: povo ou lobby?


A política, como ser inanimado que é, indubitavelmente, surgiu com o propósito de organizar e administrar os bens que são de interesse público, assim como com o propósito de, através dos impostos, bem gerir o erário público na concretização de utensílios úteis ao bem-estar da população. Todavia, os seres animados que a representam (a política), os parlamentares, não fazem jus aos princípios lógicos defendidos pelo seu patrono maior, mas tão-somente às questões principiológicas oriundas do setor lobista.

O lobby tem-se tornado uma prática bastante difundida no dia-a-dia do setor público. O que antes era tido como ilegal, como o tráfico de influência, por exemplo, hoje provém do lobby e vem sendo utilizado com veemência na política brasileira.
Pode-se, sem sombras de dúvida, dizer que o lobby é um meio certo e eficaz de beneficiamento de determinados setores, funcionando também como patrocinador de candidaturas, patrocinando-as unicamente com o intuito da consubstanciação de seu interesse. Um exemplo claro é o que vem descrito na ISTOÉ, concernente ao lobby do agronegócio: “O principal objetivo do lobby do agronegócio, este ano, é a aprovação do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que altera o Código Florestal Brasileiro... Isso poderá deixar na ilegalidade 90% das propriedades rurais brasileiras.”
O que vemos aí, único e certamente, é a defesa de interesses próprios, particulares, em detrimento de qualquer princípio legal, funcionando o lobby como um jogo estratégico de quem elege mais, de quem tem mais representantes no parlamento para a efetivação de leis que beneficiem o respectivo lobby.

Outro exemplo bastante contundente retirado da revista supradita diz respeito à área da saúde, asseverando assim a ISTOÉ: “Os planos de saúde, lançando mão da mesma prática, investiram R$ 12 milhões em doações nas eleições de 2010. Elegeram 38 parlamentares, dez a mais do que em 2006... o deputado mais beneficiado com recursos dessas fontes foi Doutor Ubiali (PSB-SP), que recebeu R$ 285 milhões da Federação das Unimeds de São Paulo. O parlamentar, que, em 2010, relatou e conseguiu aprovar projetos do agrado do setor, é um dos críticos mais ferozes dos procedimentos adotados pelo SUS.”

De fato, é uma questão que extrapola o a própria constituição, quebrando assim um dos seus pilares, o da supremacia do interesse público. O que diz respeito à população é varrido e posto sob o tapete do parlamento. Entretanto, o que gira em torno do setor privado, do setor lucrativo, toma corpo e se configura como a principal meta dos parlamentares. É o empresariado sendo favorecido à revelia da fome populacional.

Um comentário:

  1. Gostei muito do soneto I. Estou comentando aqui porque não encontrei lugar de comentar no espaço do próprio poema. Linguagem e forma clássica. Interessante.

    Convido você a visitar meu blog.
    Google: poemas de neusa azevedo

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