Passei duas semanas sem produzir artigos para essa coluna, não por falta de assuntos, pois esses transbordaram nestas últimas semanas, incluindo prévias do PT, votação pelo STF sobre o aborto de fetos anencéfalos, CPI do Cachoeira, 18º salários dos deputados do Maranhão e tantos outros temas de maior ou menor monta.
A verdade é que me defrontei com alguns problemas de saúde que exigiram algumas modificações urgentes de hábitos repetidos por muitos e muitos anos, passando por dieta rigorosa, exercícios físicos y otras cositas mas. Por isso, encontro-me, desde a páscoa, recolhido em algumas reflexões sobre a vida e sobre a conduta dos seres que me cercam e sobre algumas coisas que ainda acreditamos como parte indeclinável das nossas utopias.
No
exato momento em que me debruço na elaboração destas linhas, tomo conhecimento
pelo programa da Universidade FM, “Chorinhos e Chorões”, do fechamento das duas
escolas oficiais de música, localizadas na capital: a Lilah Lisboa, do Governo
do Estado, e a Municipal, ligada a Prefeitura de São Luís. Duas
importantíssimas instituições, pelas quais já passaram gerações de músicos do
mais reconhecido gabarito.
Tudo
isso acontecendo na semana em que a cidade é agraciada com o pomposo título de
Capital Americana da Cultura, e no ano em que completa 400 setembros de
existência. Não bastasse o fechamento da Biblioteca Pública Benedito Leite, que
data do primeiro semestre de 2009, agora contamos com mais essa “premiação”
inusitada das duas escolas de música de São Luís, na contramão do discurso dos
dois governantes, que se esmeram em tentar demonstrar quem é mais amante da
cultura maranhense, na farta publicidade com que o dinheiro público irriga
diariamente os meios de comunicação.
Até
há pouco tempo, quem sabe ingenuamente, ainda acreditava que algumas sacolas de
maldades e de deliberado escárnio com a coisa pública era apenas resultado da
inapetência ou incompetência dos gestores, conduzidos a cargos com os quais já
não se sentiam portadores de nenhuma responsabilidade. Agora me passa uma
certeza de que sabem perfeitamente o que estão fazendo e do que pretendem com
estas ações ou omissões. Como diria D. Amália, minha saudosa mãe: não dão ponto
sem nó.
Tenho
refletido sobre as palavras atribuídas a Jesus Cristo, quando já se encontrava
pregado no madeiro, e ainda assim derramava sua compaixão sobre homens e
mulheres que o traíram e o condenaram, externando sua extrema generosidade
isenta de qualquer vingança ou rancor pelos atos cruéis que resultaram em sua
crucificação: “Pai, perdoai, pois eles não sabem o que fazem”.
Se
pensarmos num Cristo contemporâneo, inteirado naturalmente por obra e graça da
sua onisciência, dos problemas que rondam o planeta, da corrupção sem limite
existente no mundo, da proposta imoral de Código Florestal que está prestes a
ser aprovada pelo Congresso Nacional, dos incontáveis salários dos
parlamentares brasileiros, com toda a certeza, penso que mudaria radicalmente o
teor de suas palavras para: “PAI, NÃO PERDOAI, POIS ELES SABEM, MUITO BEM, O
QUE FAZEM!”.
Joãozinho
Ribeiro escreve para o Jornal Pequeno às segundas-feiras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário