por Anderson Costa
A pessoa negra, a afro-descendente, detentora de uma pela escurecida devido à proteção que lhe é dada pela melanina é, e sempre foi sinônimo de muitas discriminações. Outrora, constituiu a principal mão-de-obra à ascensão econômica de ambiciosos colonizadores, sobretudo no período das corridas mercantilistas travadas pelas potências europeias à época em que o Brasil não passava de uma colônia subserviente à Coroa, Portugal, mantendo aquele com este vínculos político-administrativos.
Um dos maiores motivos da utilização escravocrata dos negros aqui no Maranhão era a falta da mão-de-obra para a lavoura, pois os colonizadores, na sua maior parte oriundos de Portugal, queriam, neste Novo Mundo, serem senhores, assim como obter lucros, o que era inviável sem uma portentosa máquina que o viabilizasse.
Nesse período não se havia qualquer noção do que fosse trabalho assalariado, do que fosse indústria, do que fosse tecnologia. A economia maranhense reduzia-se à lavoura rudimentar, com a coleta de algumas drogas do sertão, iguarias estas dominada pelos jesuítas aqui presentes à época. Era, de fato, uma economia de subsistência e totalmente combalida por falta de estrutura.
Portanto, devido à falta de mão-de-obra para o trabalho na lavoura, houve, por parte dos colonos, a utilização do gentio como forma de dinamização econômica, o que, de fato, foi de encontro com a tutela estabelecida pelos inacianos, tutela esta com o escopo da catequização do autóctone, para, posteriormente serem utilizados como mão-de-obra na coleta das drogas do sertão, droga esta de muito valor na Europa, o que possibilitou com que os jesuítas montassem um império paralelo à Coroa.
Todavia, um fator totalmente nevrálgico, no que concerne aos negros maranhenses, diz respeito à política do Marquês de Pombal que, segundo a histografia tradicional, foi responsável pelo enegrecimento do maranhão que, através da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, logo após o expulsamento dos jesuítas do território brasileiro, fez com que o Maranhão saísse da pobreza, da miséria, tornando-o a partir daí uma das mais importantes províncias coloniais, devido à dinamização imposta pelo Marquês, trazendo em demasia e a preços módicos escravos para os portos maranhenses, mais precisamente onde hoje se localiza o Desterro, mas “como tudo que é bom dura pouco”, a política pombalina, após a ascensão de a “Viradeira”, foi totalmente abolida e o Marquês demitido, retornando o Maranhão à situação de extrema pobreza e conflitos internos.
Voltando os holofotes aos negros maranhenses, tem-se como a “vergonha” para muitos historiadores a revolta da Balaiada, ao contrário da revolta de Beckman, pois seu estilo elitista o condecorou como orgulho maranhense. Será que realmente a gente só vale o que tem? A Balaiada foi, por muito tempo e, ainda hoje possui historiadores que assim a considera, a revolta dos negros, bandidos, facínoras, de membros da ralé.
O que aconteceu na Balaiada foi somente a luta acarretada pela desconsideração que se havia com negros, camponeses e artesãos, todos oprimidos pela luta que ocorria entre portugueses e fazendeiros locais, todos buscando sua hegemonia política e econômica, enquanto os negros mais miseráveis ficavam.