por Anderson Costa
Paradoxismo, antítese e discrepâncias são alguns dos pressupostos da modernidade segundo Marshall Berman no seu livro intitulado “Tudo que é sólido se desmancha no ar, as aventuras da modernidade”. Sem sombras de dúvidas, a modernidade diverge, com a alcunha de progressista, do tradicional, rotulado como estático e/ou sem movimento.Segundo o autor supracitado, a partir da visão futurista de italianos defensores da modernidade, “tradição se iguala simplesmente à dócil escravidão, e modernidade, à liberdade”. Daí tira-se a conclusão contextual e, veemente por sinal, de que a modernidade nada mais é que o desagrilhoamento do que seja estagnado e fincado, ganhando a modernidade, por assim dizer, um caráter dinâmico, de movimento, de constante mudança, “desmanchando no ar tudo que é, ou era até então, sólido”. Um exemplo fatídico dessa dicotomia tradicional-modernidade diz respeito às definições que permeiam as conceituações sobre certo e errado, embaralhando-as e trazendo à tona complicações no que tange ao genuíno do que seja certo e do que seja errado, pondo-nos a todos, metaforicamente falando, à deriva, destituídos de firmes assoalhos e de conceitos universais.
Marshall faz referência crucial e consubstanciadora da modernidade ao falar no capitalismo como sua mola propulsora, da revolução burguesa como sua mãe criadora, assim como a interação do binômio homem-máquina, a velocidade que encurte as distâncias que outrora eram longas, a voraz globalização, interligadora das culturas, assim como, viabilizante de turvidões a respeito das identidades alheias, da unicidade, formadora do individualismo exacerbado e da concretude cognitiva.
Incontestavelmente, um dos principais pilares sustentadores da modernidade é a tecnologia, explicitada com vigor por Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, no seu poema Ode Triunfal:
À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! (...)
In Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986.
O que se pode concluir, talvez precipitadamente, é que, tudo que seja oriundo do capitalismo e que funcione para seu crescimento “salutar” forma as bases e alicerces sustentadores da modernidade, metamorfoseando as nuanças intrínsecas ao ser humano, como assevera Marshall: “somos seres sem espírito, sem coração, sem identidade sexual ou pessoal...” E eis que surge a oportuna pergunta: “viverá o capitalismo sem suas máquinas proporcionalizantes da produção imódica em prol da modernidade mercantilista? Conseguirá o homem viver sem os aparelhos celulares, computadores e afins? Indubitavelmente, não! Ou seja, ao passo em que a modernidade desagrilhoa do tradicional, concomitantemente encarcera a todos na prisão ideológica do progresso tecnológico, tornando-nos seres passivos e submissos às engrenagens da tecnologia.
Paradoxismo, antítese e discrepâncias são alguns dos pressupostos da modernidade segundo Marshall Berman no seu livro intitulado “Tudo que é sólido se desmancha no ar, as aventuras da modernidade”. Sem sombras de dúvidas, a modernidade diverge, com a alcunha de progressista, do tradicional, rotulado como estático e/ou sem movimento.Segundo o autor supracitado, a partir da visão futurista de italianos defensores da modernidade, “tradição se iguala simplesmente à dócil escravidão, e modernidade, à liberdade”. Daí tira-se a conclusão contextual e, veemente por sinal, de que a modernidade nada mais é que o desagrilhoamento do que seja estagnado e fincado, ganhando a modernidade, por assim dizer, um caráter dinâmico, de movimento, de constante mudança, “desmanchando no ar tudo que é, ou era até então, sólido”. Um exemplo fatídico dessa dicotomia tradicional-modernidade diz respeito às definições que permeiam as conceituações sobre certo e errado, embaralhando-as e trazendo à tona complicações no que tange ao genuíno do que seja certo e do que seja errado, pondo-nos a todos, metaforicamente falando, à deriva, destituídos de firmes assoalhos e de conceitos universais.
Marshall faz referência crucial e consubstanciadora da modernidade ao falar no capitalismo como sua mola propulsora, da revolução burguesa como sua mãe criadora, assim como a interação do binômio homem-máquina, a velocidade que encurte as distâncias que outrora eram longas, a voraz globalização, interligadora das culturas, assim como, viabilizante de turvidões a respeito das identidades alheias, da unicidade, formadora do individualismo exacerbado e da concretude cognitiva.
Incontestavelmente, um dos principais pilares sustentadores da modernidade é a tecnologia, explicitada com vigor por Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, no seu poema Ode Triunfal:
À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! (...)
In Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1986.
O que se pode concluir, talvez precipitadamente, é que, tudo que seja oriundo do capitalismo e que funcione para seu crescimento “salutar” forma as bases e alicerces sustentadores da modernidade, metamorfoseando as nuanças intrínsecas ao ser humano, como assevera Marshall: “somos seres sem espírito, sem coração, sem identidade sexual ou pessoal...” E eis que surge a oportuna pergunta: “viverá o capitalismo sem suas máquinas proporcionalizantes da produção imódica em prol da modernidade mercantilista? Conseguirá o homem viver sem os aparelhos celulares, computadores e afins? Indubitavelmente, não! Ou seja, ao passo em que a modernidade desagrilhoa do tradicional, concomitantemente encarcera a todos na prisão ideológica do progresso tecnológico, tornando-nos seres passivos e submissos às engrenagens da tecnologia.